Celso de Mello pede que Fux marque julgamento sobre depoimento de Bolsonaro
O ministro Celso de Mello, do STF (Supremo Tribunal Federal), pediu que seja incluído na pauta do plenário do tribunal o julgamento sobre se o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) poderá prestar depoimento por escrito ou deverá ser obrigado a fazer isso presencialmente à Polícia Federal, no inquérito que investiga se Bolsonaro interferiu indevidamente na Polícia Federal.
A decisão sobre a confirmação da data de julgamento do tema caberá ao presidente do STF, Luiz Fux, que ainda não se manifestou.
O ministro Celso de Mello se aposenta na próxima semana, no dia 13 de outubro. Por isso, o esperado é que Fux leve o caso a julgamento nas sessões desta quarta-feira (7) ou quinta-feira (8).
A investigação foi aberta após o ministro Sergio Moro deixar a pasta da Justiça afirmando que o presidente tentou interferir no comando da PF para se blindar contra investigações.
Bolsonaro tem negado qualquer tentativa de interferência na Polícia Federal.
Após a primeira decisão de Celso de Mello que negou ao presidente a possibilidade de prestar depoimento por escrito, a AGU (Advocacia-Geral da União) recorreu ao próprio ministro.
Como Celso estava de licença médica, o recurso foi analisado pelo ministro Marco Aurélio, que suspendeu as datas previstas para o depoimento e remeteu o julgamento do caso ao plenário virtual do STF.
Com o retorno de Celso de Mello da licença, o ministro, que é o relator do inquérito, derrubou a decisão de Marco Aurélio e remeteu o julgamento do caso para o plenário presencial do Supremo, que tem realizado as sessões por videoconferência por causa da pandemia.
Celso de Mello afirma que a prerrogativa de depor por escrito é reservada apenas às autoridades que são ouvidas como testemunhas, o que não é o caso de Bolsonaro, que figura como investigado no inquérito.
Já Marco Aurélio, que chegou a divulgar seu voto sobre o tema, afirmou que o presidente da República teria o direito de responder por escrito ao interrogatório.
A PGR (Procuradoria-Geral da República) também defendeu que Bolsonaro pudesse responder por escritos às perguntas formuladas pelos investigadores.
Na decisão que negou o depoimento por escrito, Celso de Mello afirma que, como investigado, o presidente poderá se valer do direito ao silêncio.
Entenda a investigação
A investigação no STF foi aberta em abril, a pedido do procurador-geral da República, Augusto Aras.
Moro também figura como investigado. A Procuradoria apura a possibilidade de o ex-ministro ter cometido o crime caso tenha mentido sobre as acusações contra o presidente.
A fase de inquérito serve para reunir provas. O depoimento de Bolsonaro é uma das últimas providências do inquérito.
Em seguida cabe à PGR decidir se há elementos para oferecer uma denúncia criminal contra Bolsonaro, ou Moro, a depender do desenrolar das investigações.
Caso a Procuradoria decida denunciar o presidente, o processo precisa ser autorizado pela Câmara dos Deputados, pelo voto de dois terços dos parlamentares.
Após a autorização, cabe ao STF decidir pela abertura do processo. Se o processo for aceito pelo STF, o presidente fica afastado do cargo por 180 dias ou até o desfecho do processo, pela condenação ou absolvição do presidente.
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