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Lula pede mais indignação e detona governo: 'é miliciano da pior qualidade'

Lula em transmissão ao vivo organizada pelo MST - Reprodução
Lula em transmissão ao vivo organizada pelo MST Imagem: Reprodução

Colaboração para o UOL

15/10/2020 21h23

O ex-presidente Lula (PT) analisou a questão da fome no Brasil e manifestou revolta contra o governo atual. Ele disse que a sociedade precisa se indignar mais e até clamou por uma revolução. E no final afirmou que o governo de Jair Bolsonaro (sem partido) é "miliciano da pior qualidade".

As declarações de Lula aconteceram em um evento ao vivo organizado pelo MST (Movimento Sem Terra). Todos participantes lamentaram a volta do Brasil para o mapa da fome, algo decretado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas). Lula destacou que isso não aconteceu por causa da pandemia de covid-19.

"Os dados do IBGE são de 2016 a 2018. A fome já tinha voltado para 10 milhões de brasileiros naquele período. E ela se agravou com a pandemia. O que está faltando para nós é indignação. Pra ver se a gente consegue lutar por coisas que estão na Constituição. Temos que pendurar a Constituição no peito e fazer revolução em defesa da Constituição. Porque aí os bandidos, os terroristas, seriam quem não cumprisse a Constituição", clamou Lula.

Ao comentar sobre esses dados, o ex-presidente fez uma comparação para dizer que os governos de Michel Temer (MDB) e Bolsonaro estragaram medidas dos governos petistas anteriores.

"Fico imaginando quantos anos demorou para construir o Coliseu. Mas para destruir, vai um japonês, põe 100kg de dinamite e aquilo destrói em 2 minutos. O que estamos percebendo é que toda política econômica social que a gente construiu, a direita destruiu. Em poucos anos destruíram o que a gente fez em 13 anos. E não querem parar por aí", comparou Lula.

Depois o ex-presidente acrescentou que "a elite que ganhou as eleições não tem preocupação com quem não come" e apresentou uma sugestão.

"Uma das coisas que precisamos fazer é rediscutir o papel da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária). Hoje ela trabalha mais para atender interesses empresariais do que para o pequeno e médio proprietário. Vamos ver qual auxílio que eles estão recebendo da Embrapa. É uma empresa pública recebendo dinheiro de empresa para prestar serviço para empresa. Quando a gente devia estar ajudando o pequeno e médio proprietário a produzir alimento em mais quantidade e qualidade, pra ficar mais barato", sugeriu Lula.

Meio-ambiente

Ao falar rapidamente sobre questões de meio-ambiente, Lula lembrou da Cop 15, conferência sobre o assunto, realizada em Copenhague, na Dinamarca, em 2009. Ele citou um episódio curioso de negociações internacionais.

"Lembro do sonho que tivemos na Cop 15, quando demos um banho nos Estados Unidos e na União Europeia. Eles queriam culpar a China pela poluição do planeta. Eu era a vedete. Eu tinha sido chamado por todos presidentes no mesmo dia. Eu fui convidado para reuniões com Angela Merkel, Tony Blair, Obama e Sarkozy. Eles achavam que, se a gente acusasse a China, estava tudo feito. Os americanos não cumpriram o Protocolo de Kyoto e querem que a Europa desista do Protocolo de Kyoto. Eu falei que assumia a responsabilidade de culpar a China desde que a Inglaterra e os Estados Unidos assumissem a responsabilidade de um pagamento histórico pela destruição do planeta desde a Revolução Industrial", contou Lula, aos risos, lembrando que os ingleses e americanos não aceitaram a proposta.

Depois disso, ainda no assunto do meio-ambiente, Lula falou do aumento das queimadas nos últimos anos e voltou a criticar o governo Bolsonaro.

"Não estou querendo culpar o governo por todos incêndios no Brasil e no Mundo. Mas o governo tem responsabilidade por ter desmontado tudo que tinha para diminuir os estragos dos incêndios. E tenho certeza que uma parte disso é culpa do interesse do agronegócio mesmo. E não é o empresário civilizado do agronegócio que sabe que tem que ter responsabilidade. Mas quem chegou ao governo é um bando de miliciano da pior qualidade. Temos que saber disso, conviver com isso e saber que temos que enfrentar isso", concluiu Lula.