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Deputadas prometem ir ao Conselho de Ética por fala machista de Bibo Nunes

Além de Jandira Feghali, Sâmia Bonfim também disse que vai abrir representação contra Bibo Nunes no Conselho de Ética - Pablo Valadares/Câmara dos Deputados
Além de Jandira Feghali, Sâmia Bonfim também disse que vai abrir representação contra Bibo Nunes no Conselho de Ética Imagem: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados

Do UOL, em São Paulo

03/12/2020 16h24

Deputadas federais prometeram hoje abrir representação no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados contra o deputado federal Bibo Nunes (PSL-RS), que chamou oposicionistas do governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de "deputéricas", uma mescla das palavras deputadas e histéricas.

A primeira deputada a protestar contra a fala de Bibo Nunes foi Sâmia Bonfim (PSOL-SP), que prometeu ir ao Conselho de Ética "porque isso não pode mais acontecer". "É necessário respeito às mulheres deputadas", disse.

"Eu falo em meu nome, mas tenho certeza de que falo também em nome de todas as deputadas que se sentiram ofendidas e aviso para este deputado que nós não vamos parar de nos posicionar e de ocupar cada vez mais espaços na política", afirmou.

Em seguida, a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) endossou o protesto da colega psolista, relembrando as ofensas recebidas por Manuela D'Ávila (PCdoB) nas eleições municipais em Porto Alegre.

"Nos enfrentar na desqualificação, na adjetivação? Por favor, venham com a capacidade que vocês têm. Se não têm capacidade, calem a boca! Parem de falar", afirmou.

Recolham-se em sua insignificância, mas não venham nos desqualificar e nos tratar como se fôssemos menores ou inferiores" Jandira Feghali (PCdoB), deputada federal

Após isto, foi a vez das deputadas Flávia Arruda (PL-DF), Joênia Wapichana (Rede-RR) e Erika Kokay (PT-DF) protestarem contra a fala de Bibo Nunes e fazerem coro ao protesto de Sâmia e Feghali.

"Nós não vamos aceitar nenhum tipo de machismo. Já temos que conviver com isso nas ruas e não vamos aceitar que hoje, dentro de um parlamento formado por 77 mulheres, ainda exista esse tipo de fala, de conceito", afirmou Flávia.

"Nós merecemos respeito, nós merecemos dignidade, porque nós também somos autoridade, nós somos parlamentares, e temos que ser tratadas com respeito por todos", disse Wapichana.

"Se ele nos quer subalternizadas, eu concluo dizendo que não vai nos calar! Não vai nos calar! E vai ter que nos enfrentar com aquilo que ele é incapaz de fazer: a defesa fundamentada de ideias", pontuou Kokay.

Pedindo a palavra por um minuto para se defender, Bibo se disse "surpreso" por terem o acusado de misoginia, pediu respeito e ameaçou representar contra as deputadas no Conselho da Ética. "Ninguém ama mais mulheres do que eu", afirmou.

Seguindo com os protestos, a deputada Fernanda Melchionna (PSOL-RS) criticou o presidente da sessão no momento da fala de Bibo, o deputado Marcel van Hattem (Novo-RS), por não ter se posicionado contra a fala machista do deputado.

"Quando uma mulher é firme, quando uma mulher é forte, os machistas de plantão dizem que ela é agressiva, que ela histérica, que ela é louca, para, na verdade, desqualificar o conjunto do conteúdo político que aquela mulher traz. Quando é o homem, 'é o grandão, como ele é bravo!'", pontuou.

Em defesa, van Hattem disse não ter ouvido o pronunciamento do deputado e afirmou que a Câmara "tem todo o respeito com cada cidadão brasileiro, com as mulheres, com os homens, com todos".

Com apenas 77 mulheres - 15% dos 513 parlamentares -, a Câmara dos Deputados está distante de representar a população brasileira, composta por 51,8% de mulheres, segundos dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), no quesito de gênero.