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Bolsonaro diz que não vai se vacinar contra covid-19 para evento da ONU

Do UOL*, em São Paulo

16/09/2021 20h02Atualizada em 17/09/2021 00h41

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse hoje que não irá se vacinar contra covid-19 para comparecer à Assembleia Geral da ONU, que acontece na semana que vem.

"Tomar vacina pra quê?", perguntou, ao ser questionado se receberia o imunizante durante a live semanal. "Minha taxa de anticorpos está lá em cima, eu te apresento o documento [...] Eu estou bem, vou tomar vacina, a Coronavac, por exemplo, que não vai chegar a essa efetividade, pra que eu vou tomar? Depois que todo mundo tomar a vacina, eu vou decidir o meu futuro aí".

A cidade de Nova York, onde fica a sede do órgão, determinou que todos os participantes do evento deveriam ter um comprovante de imunização. Entretanto, a ONU afirmou que não pode cobrar o documento.

"Nós, como Secretariado, não podemos dizer a um chefe de Estado que, se ele não estiver vacinado, não poderá entrar na ONU", disse o secretário-geral das Nações Unidas, Antonio Guterres, à Reuters.

Durante a transmissão, Bolsonaro pediu a um auxiliar que trouxesse o resultado de um teste que fez, que indicaria a taxa de anticorpos. Ele o entregou ao ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, e pediu a avaliação dele. "Tem que fazer o exame de anticorpos neutralizantes. O senhor está bem, mas precisa se vacinar", respondeu o ministro.

No começo do mês, Bolsonaro já havia sugerido ser imune ao coronavírus, citando esse mesmo exame. Cientistas, porém, afirmam que pessoas que já tiveram covid-19 apresentam IGG positivo, mas que isso não garante a imunidade contra a doença, já que o teste não consegue medir se os anticorpos estão funcionais nem a capacidade de neutralizar a entrada do vírus nas células.

Discurso de Bolsonaro

O presidente adiantou que deve tratar do marco temporal durante a fala dele ao evento. O tema é julgado pelo STF (Supremo Tribunal Federal) e pode mudar a política de demarcações de terras indígenas no Brasil.

Segundo o presidente, caso a Corte rejeite a tese, o preço de alimentos pode subir e causar desabastecimento no mundo, mas não detalhou o raciocínio. Não existem provas que confirmem essas afirmações.

"Vamos mostrar objetivamente o que é o Brasil, o que fizemos na pandemia — somos atacados o tempo todo — bem como o agronegócio, a energia do Brasil, etc.", afirmou.

Vacinas são importantes mesmo para recuperados da covid

A OMS afirma que a "maioria das pessoas infectadas com Sars-CoV-2 desenvolvem uma resposta imune nas primeiras semanas, mas ainda estamos aprendendo o quão forte e duradoura é essa resposta imune, e como ela varia entre diferentes pessoas, acrescentando que "mesmo que você tenha tido uma infecção anterior, a vacina age como um reforço que fortalece a resposta imune."

Em entrevista ao Projeto Comprova, a professora da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre Cristina Bonorino explica que, no caso da infecção natural, o microorganismo evolui para escapar das respostas imunes do hospedeiro, e por isso nem sempre a imunidade deixada após a infecção é eficaz e duradoura.

"As vacinas, por outro lado, focam em estimular mecanismos importantes para controlar a multiplicação do microorganismo no indivíduo, sem a desvantagem do que acontece na infecção natural. Vacinas, portanto, geram respostas mais eficazes que a infecção natural", comenta a especialista.

Um estudo divulgado em agosto também mostra que a CoronaVac dobra anticorpos em quem já contraiu a covid-19.

*Com Reuters e Estadão Conteúdo.