Exército diz que simulação contra grupos de esquerda não tem ideologia
Do UOL, em São Paulo
27/01/2022 09h49
Após ser questionado pelo deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP), o Exército informou que um treinamento de 2020 para ensinar a combater ameaças de esquerda, militantes e organização "marxista" foi realizado "sem nenhuma conotação político-ideológica nem de nacionalidade".
Os detalhes da ação, batizada de "Mantiqueira", foram publicados em dezembro do ano passado pelo site The Intercept Brasil, que obteve um documento sobre o caso.
De acordo com documento, o treinamento foi proposto a alunos do CIOpEsp (Centro de Instrução de Operações Especiais) durante uma simulação de um país fictício chamado "Brasânia".
Na descrição da história da nação, é possível encontrar vários paralelos com a trajetória brasileira, passando pela Guerrilha do Araguaia, as chamadas "ameaças comunistas", popularizadas nas décadas de 1960 e 1970, e manifestações marcadas pelo uso de mídias sociais.
O parlamentar solicitou por meio da LAI (Lei de Acesso à Informação) cópia de pareceres que serviram como fundamento para embasar a ação, realizada em Piquete (SP).
Em resposta, o Exército argumentou que a simulação foi realizada "em plena consonância legal com a Doutrina de Emprego das Forças Especiais".
As informações constantes na documentação do exercício são meramente fictícias e serviram somente para contextualizar o Exercício de Operações Contra Forças Irregulares do Curso de Forças Especiais, no ano de 2020, sem nenhuma conotação político-ideológica nem de nacionalidade. Desse modo, o exercício visa tão somente aos militares desenvolverem a capacidade em combater Forças Irregulares, de Insurgência, de Guerrilha e/ou grupos armados contra o Estado de Direito Trecho de resposta do Exército sobre simulação
Em suas redes sociais, Ivan Valente disse que o Exército minimizou o caso na resposta.
"O Exército respondeu a nosso requerimento de informação sobre Operação Mantiqueira, que simulava combates contra grupos de esquerda. Minimizaram, responderam estar em consonância com Estado Democrático de Direito. Absurdo! Por que não treinam com uma operação antifascista?", escreveu ele.