Topo

Esse conteúdo é antigo

Jornal: Investigação mostra financiamento de atos antidemocráticos

Bolsonaristas realizam atos antidemocráticos em frente ao Comando Militar Sudeste do Exército, no Ibirapuera - André Porto/UOL
Bolsonaristas realizam atos antidemocráticos em frente ao Comando Militar Sudeste do Exército, no Ibirapuera Imagem: André Porto/UOL

Do UOL, em São Paulo

16/11/2022 10h59

Relatórios enviados ao STF (Supremo Tribunal Federal) a respeito de manifestações e bloqueios antidemocráticos organizados após o resultado das eleições presidenciais apontam supostos financiadores dos atos em diversos estados, segundo documentos obtidos pelo jornal O Estado de S.Paulo.

A publicação destaca que os relatórios foram feitos a pedido do ministro Alexandre de Moraes. Ele determinou, no último dia 7 de novembro, que a Polícia Federal, a Polícia Rodoviária Federal e as Polícias Civil e Militar de todos os estados e do Distrito Federal enviem informações sobre a identificação de líderes, organizadores e financiadores dos atos antidemocráticos nas proximidades de quartéis das Forças Armadas.

A suspeita de financiamento por empresários já havia sido levantada por procuradores-gerais de Justiça dos estados de São Paulo, Santa Catarina e Espírito Santo na semana passada, em reunião com Moraes.

Os documentos obtidos pelo Estadão mostram dados de inteligência do Acre, que apontou dois fazendeiros locais como financiadores; um deles é conhecido como "rei da soja".

Danilo Lovisaro do Nascimento, procurador-geral de Justiça do estado, disse ter "certeza de que os atos antidemocráticos estão sendo financiados pelos fazendeiros do agronegócio", como João Moura e Henrique Luis Cardoso Neto, citados no documento.

Em Goiás, o dono de uma panificadora, Tales Cardoso Machado, o ruralista Hernani José Alves, entre outros, são citados como lideranças de bloqueios na zona rural de São Miguel do Araguaia, segundo a Polícia Civil do estado. Em Goianésia (GO), financiadores também viriam do agronegócio. Dois nomes foram levantados pela Polícia: Jamil El Hosni e Rafael Luiz Ottoni Peixoto.

Em Mato Grosso do Sul, uma servidora pública da Câmara Municipal de Campo Grande, uma médica, o ex-prefeito de Costa Rica Waldeli dos Santos Rosa, um comerciante e três pecuaristas formavam um grupo de sete lideranças identificados pela Secretaria de Segurança Pública estadual.

No estado do Maranhão, a Polícia não identificou lideranças flagrantes dos atos, mas pontuou que alguns nomes eram frequentes nos carros de som e na mobilização nas ruas.

Entre eles, Marcelo Thadeu Penha Castro, servidor público estadual que atua na Secretaria de Segurança Pública maranhense como investigador de polícia, e Claudio Rogério Silva Raposo, que teria organizado anteriormente motociatas de apoio a Jair Bolsonaro (PL) no Maranhão.

No Paraná, também houve a identificação de pessoas com poder de liderança no local dos atos: os empresários José Antonio Rosolen e Robson Leandro Calistro, que estavam em bloqueios de estadas em Cianorte, cidade do noroeste paranaense.

No estado de Santa Catarina, um que mais registrou bloqueios nas estradas nos dias seguintes às eleições, a Polícia Civil nomeou ao menos onze lideranças autodeclaradas dos atos — incluindo empresários.

Desde a vitória do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no dia 30 de outubro, diversas manifestações de bolsonaristas defendem pautas antidemocráticas, como "intervenção federal" ou "intervenção militar".

O movimento teve início com o fechamento de estradas e migraram para atos na frente de quartéis do país.

O Estadão afirma que tentou contato com os citados e aguardava posicionamento.