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Leite nomeia secretário de Direitos Humanos que vetou 'gênero' em escolas

Mateus Wesp (PSDB) foi nomeado secretário de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos pelo governador Eduardo Leite (PSDB) Imagem: Reprodução

Tiago Minervino

Colaboração para o UOL, em Maceió

06/01/2023 16h27Atualizada em 06/01/2023 20h44

Mateus Wesp (PSDB), nomeado pelo governador Eduardo Leite (PSDB) para comandar a Secretaria de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos do Rio Grande do Sul, tem histórico de projeto considerado LGBTfóbico. O chefe do Executivo estadual é homossexual assumido.

Em 2017, quando era vereador de Passo Fundo, Wesp apresentou projeto para excluir o termo "gênero" no PME (Plano Municipal de Educação) de Passo Fundo, tanto na esfera pública quanto na privada — a inclusão do termo ocorreu em 2015.

O projeto foi para votação em 2018 com algumas modificações e aprovado por 12 votos favoráveis e dois contrários. Os vereadores aprovaram substitutivo para que toda menção à palavra "gênero" fosse seguida de masculino ou feminino.

'Gêneros inventados'. Em seu blog pessoal e ao discursar na Câmara de Passo Fundo para defender seu projeto, Wesp alegou que o termo "gênero" da forma como aparecia no PME não esclarecia se fazia referência "aos tradicionais gêneros masculino e feminino", ou se era direcionado às "dezenas de outras identidades inventadas socialmente", o que, diz o agora secretário, permite o "uso ideológico do termo 'gênero'", além de "levar confusão à cabeça das crianças".

Segundo Mateus, o PME de Passo Fundo não deixava claro se o ensino de gênero tinha a intenção de "gerar igualdade entre homens e mulheres, acabar com o machismo" entre outros.

Ele disse ainda que quem quer "deixar o termo vago e aberto provavelmente acredita na teoria/ideologia de gênero e tem pretensão de ensinar às crianças e aos adolescentes que existem centenas de outros gêneros sem vinculação com o sexo biológico, que não estão previstos no ordenamento jurídico, nem possuem embasamento científico".

Teoria da identidade de gênero' ou 'Ideologia de gênero' são palavras diferentes para se dizer a mesma coisa: tratar 'gênero' como uma construção mental livremente construída e socialmente imposta, desvinculada, por sua vez, do sexo biológico das pessoas. É exatamente esta teoria/ideologia que não queremos que seja ministrada às crianças.

'Diversidade será prioridade'. Ao UOL, Mateus Wesp afirmou que pautará o tema da diversidade e inclusão "como prioridade" em sua gestão à frente da Secretaria, com um departamento próprio para discutir temas como combate à intolerância, "que envolve, entre vários aspectos, intolerância sobre questões de gênero".

"Vamos formar este departamento com pessoas qualificadas tecnicamente, com capacidade de elaboração de políticas públicas sólidas, além, claro, de serem representativas para que possa ocorrer um diálogo com a sociedade civil", declarou.

Questionado pelo UOL se mantém a mesma posição em relação a necessidade de discutir gênero em sala de aula, Mateus Wesp disse que não vai comentar.

Em nota, o governador defendeu Mateus e afirmou que o secretário é um "democrata, com sólida formação jurídica e domínio dos compromissos institucionais do cargo que ocupa".

"Embora possa ter divergências em temas específicos, se mostra aberto ao diálogo e sempre agiu em respeito à dignidade humana.

Voto contra projeto LGBTQIA+. Em novembro de 2019, já como deputado estadual, Mateus Wesp votou contra o relatório da Comissão Especial da Assembleia Legislativa para Análise da Violência Contra a População LGBT, apresentado pela deputada estadual Luciana Genro (PSOL-RS). A pauta foi aprovada por 21 votos favoráveis e 10 votos contrários.

O texto de Genro apresentou 37 propostas de combate ao preconceito e à discriminação contra pessoas LGBQTIA+, como a criação de uma casa de acolhimento para aqueles que são vítimas de violência, expulsos de suas casas e não têm para onde ir.

Wesp tentou se reeleger deputado estadual nas eleições de 2022, mas não conseguiu.

'Muito grave'. Nas redes sociais, Luciana Genro criticou a escolha de Eduardo Leite para a pasta, classificada pela parlamentar como "muito grave". Genro também afirmou que o fato de o governador ser homossexual "não faz dele um defensor da causa LGBT".

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