CPMI do 8/1: por que Mauro Cid chegou fardado e sob escolta da polícia
Colaboração para o UOL
11/07/2023 10h43
O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), está hoje na CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) que investiga os atos golpistas de 8 de janeiro. Ele chegou ao Congresso Nacional fardado e sob escolta da Polícia do Exército.
Por que ele chegou fardado?
Mauro Cid é tenente-coronel. Ele se alistou no Exército em 1996 e se formou na Aman (Academia Militar das Agulhas Negras) quatro anos depois. Ao longo da carreira, ele fez mestrado e doutorado em temas militares, com foco na atuação das Forças Armadas brasileiras no exterior.
O hoje general da reserva foi colega de Bolsonaro. Eles serviram juntos na Aman, na década de 1970.
A vestimenta dele para a participação na CPMI, no entanto, era opcional. A escolha de hoje relembra a ligação do Exército Brasileiro com o governo Bolsonaro.
E por que a necessidade de escolta?
Preso desde 3 de maio, o tenente-coronel saiu da cadeia para ser ouvido por parlamentares. Cid chegou ao Congresso Nacional sob escolta da Polícia do Exército, já que a custódia está a cargo dos militares, e foi transportado em um carro descaracterizado.
Ele é investigado por suspeita de fraude em cartões de vacinação contra a covid-19. A Polícia Federal aponta que ele adulterou os registros de imunização da própria família e de Bolsonaro para viajar aos Estados Unidos.
O militar também é investigado por pagar despesas da ex-primeira dama Michelle Bolsonaro em dinheiro vivo. Quando a informação veio à tona, em setembro do ano passado, Bolsonaro culpou o ministro do STF Alexandre de Moraes pelo vazamento.
Outra investigação contra Cid trata das joias dadas pelo governo da Arábia Saudita. Em março desse ano, foi revelado que Cid chegou a ir até o aeroporto de Guarulhos (SP) para tentar liberar os itens junto à Receita Federal.
CPMI: o que deve acontecer?
Cid pode permanecer em silêncio em questões nas quais é investigado — o STF concedeu a ele esse direito. A defesa do militar teria afirmado à cúpula da CPMI que ele gostaria de "colaborar" com o colegiado. Portanto, Cid pode responder a parte dos questionamentos.
A PF descobriu mensagens e documentos que ligam o militar aos atos de 8 de janeiro. Este material coletado após a apreensão do celular de Cid, em maio, deverá ser um dos focos do depoimento à CPMI.
No aparelho de Cid havia uma minuta para um golpe de Estado. O texto previa a declaração de um estado de sítio no Brasil, "dentro das quatro linhas da Constituição" e é investigado para que se saiba se ele estava sendo colocado em prática.
Cid também trocou mensagens e áudios de teor golpista com outros militares. Um deles, Ailton Barros, sugeriu a Cid que Bolsonaro deveria mandar prender Alexandre de Moraes e decretar uma operação de GLO (Garantia da Lei e da Ordem).