Quem é Diego Ventura, preso pela PF sob suspeita de liderar invasão de 8/1
Do UOL, em São Paulo e em Brasília
21/07/2023 10h11Atualizada em 21/07/2023 12h57
A Polícia Federal prendeu ontem Diego Ventura sob a suspeita de liderar os ataques golpistas de 8 de janeiro, em Brasília. Ventura havia sido identificado pelo UOL nas imagens da invasão e depredação ao STF (Supremo Tribunal Federal).
A reportagem também mostrou que Ventura era uma das lideranças do acampamento montado em frente ao QG do Exército em Brasília, após a derrota de Jair Bolsonaro (PL) nas eleições. Ele também chegou a ser detido em dezembro a caminho do Supremo, mas foi solto em seguida.
Quem é Diego Ventura
Diego Ventura, 38, ficou conhecido entre militantes de direita radical como Diego da Direita Limpa Campos, movimento bolsonarista de Campos dos Goytacazes (RJ).
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Após a derrota de Jair Bolsonaro, Ventura se tornou uma das lideranças do acampamento montado no Quartel-General do Exército, segundo postagens identificadas pelo UOL em janeiro.
O UOL também revelou que, em dezembro do ano passado, poucas horas após uma bomba ser desarmada em um caminhão de combustível em Brasília, Ventura foi detido pela Polícia Militar a caminho do STF. Estava com um grupo que levava estilingues, rádios comunicadores e uma faca. Apesar da tensão do dia e dos objetos portados, ninguém ficou preso.
Duas semanas depois, na tentativa de golpe bolsonarista de 8 de janeiro, Ventura participou da invasão ao Supremo.
Vídeos obtidos pelo UOL mostram Ventura chutando grades de contenção do lado de fora do STF e comemorando o que chamou de "missão cumprida" já dentro do prédio invadido e depredado.
Junto dele estava Ana Priscila Azevedo, também considerada pela PF como liderança dos ataques golpistas de 8/1. Conhecida entre radicais bolsonaristas, ela vinha divulgando áudios e vídeos em que pregava a tomada dos três Poderes no dia 8. Desde 10 de janeiro, está presa.
O grupo ainda era formado por outros dois homens que usavam rádios comunicadores, como mostrou o UOL. Eles ainda não foram identificados.
Ventura foi preso antes de assembleia da direita em Campos
Segundo a PF, Ventura estava foragido. Ele foi preso ontem em Campos dos Goytacazes, onde ia participar de um evento de militantes de direita no próximo fim de semana, chamado Assembleia Nacional da Direita Brasileira.
Um vídeo divulgado pelo WhatsApp mostra o deputado federal Zé Trovão (PL-SC) convocando para o evento, com camiseta da Abrapa, o grupo de que Ventura fazia parte.
O deputado também dá um número de telefone de um dos organizadores, de nome Diego. Em outro vídeo, o organizador Diego é apresentado como um "grande patriota".
O número está inativo desde a prisão de Ventura. Outra organizadora disse que acredita que se trata do Diego da Direita Limpa Campos - Diego Ventura.
Além de Zé Trovão, convocaram para o evento Padre Kelmon, Geovane Veras Pessoa, que advoga para do Cacique Serere, indígena preso em Brasília em dezembro sob suspeita de atentar contra as instituições, e líderes de caminhoneiros de direita.
"O que eles fizeram em sessenta anos, faremos em dez", é o slogan da assembleia. Na convocação, é dito que o slogan será explicado no evento.
Doações para o QG do Exército
No QG do Exército, Ventura se apresentava como liderança da Abrapa 01, uma dissidência da Associação Brasileira de Patriotas.
Administrava grupos da Abrapa 01 no Telegram e as páginas no Instagram e no Facebook "Direita Limpa Campos", desativadas após os ataques de 8/1.
Pelas redes sociais, Ventura arrecadava doações no pix atrelado ao seu CPF para uma das cozinhas que serviam alimentos gratuitamente para os manifestantes.
Relatório diário de doação da Direita Limpa ao QG de Brasília. Precisamos de 9 k para 1 caminhão de água. Segue o pix para quem desejar e puder.
QG 01 Brasília! Atendemos a todos do acampamento que precisam de apoio para alimentação da melhor forma.
Brasília. A cozinha da Abrapa 01. Primeira cozinha do QG onde iniciou o grito de SOS Forças Armadas no Brasil.
Postagem no Facebook, com o Pix de Diego Dias Ventura, no final de 2022
Histórico de organização de atos golpistas
Antes de apagar suas redes sociais, Ventura aparecia convocando para manifestações desde 2021.
"Você [ministro Alexandre de Moraes] dobrou a aposta, e o povo vai cobrir. Vamos parar tudo", disse em vídeo de 20 de novembro de 2022, gravado no QG de Brasília, convocando para bloqueio de rodovias pelo país.
"A direção [do movimento] é formada por representantes de dezenas de grupos de ativistas de direita conservadora e não um grupo de amigos querendo se promover. Agora são os da linha de frente a frente de tudo", postou no Twitter sobre a manifestação convocada para 31 de março de 2022, para celebrar o golpe militar de 1964.
Em 7 de setembro de 2021, quando caminhões e ônibus invadiram a Esplanada dos Ministérios com intenção de chegar ao Supremo, Ventura também fez vídeo convocando para resistir à polícia. "Venham para cá."