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Acusados de matar Marielle combinaram 1º depoimento, diz Élcio em delação

Ronnie Lessa, Élcio de Queiroz e Maxwell Simões Corrêa são acusados pelo assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes Imagem: Reprodução

Do UOL, em São Paulo

24/07/2023 19h49Atualizada em 24/07/2023 22h39

Os acusados de matar a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes combinaram uma mesma versão para o primeiro depoimento à polícia. A reunião entre Ronnie Lessa e Maxwell Corrêa, o Suel, consta na delação premiada de Élcio de Queiroz à PF.

O que se sabe

O encontro de Lessa, Corrêa e Élcio teria ocorrido antes do primeiro depoimento no Resenha Bar e Restaurante, localizado na Barra da Tijuca. O local foi o mesmo onde Lessa afirmou ter estado no dia do crime, assistindo a um jogo de futebol.

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No depoimento à PF, Élcio não foi questionado sobre quando ocorreu o encontro.

Élcio explicou que àquela altura já havia recebido uma intimação, após uma operação no Rio das Pedras, e soube que Lessa também.

O ex-PM diz que os três chegaram a um "consenso imediato": Élcio e Lessa diriam não lembrar onde estavam, enquanto Suel diria que estava com a esposa.

Aí eu vou dizer [à polícia, em depoimento] que não sei onde eu estava e o Ronnie também. O Suel tinha um álibi de que ele estava com a esposa dele, nos lugares e tal, [Suel] falou que estava tranquilo: 'eu vou dizer que estava com a minha esposa, eu tenho como provar'.
Élcio de Queiroz em delação sobre depoimento combinado

Élcio diz que eles também combinaram ir sem advogado. "Advogado chamaria muita atenção", diz o ex-PM. "Ele [o advogado] estava fazendo contato comigo e perguntando como que estavam as coisas", afirma sobre o advogado.

A versão mudou após um policial amigo do grupo, não envolvido na investigação, dizer que seria "bom lembrarem de alguma coisa".

Com esse conselho, Élcio disse que apresentou a Ronnie Lessa e à polícia uma caderneta onde anotava a escolta.

A minha esposa até na inocência falou assim 'cara, você não trabalhou no dia? Poxa, tem o teu caderninho'. Ela quem me lembrou do caderninho. Ela viu minha preocupação e falou. Minha esposa não sabia de nada; não abri para minha esposa. (...) Agora ela vai estar sabendo, claro, mas na época ela querendo me ajudar, falou do caderninho.
Élcio de Queiroz em delação sobre depoimento combinado

Élcio também conta que Lessa tirou uma foto do controle de acesso ao condomínio Vivendas da Barra para comprovar que os dois estavam juntos no dia.

Em outro trecho da delação, o delegado da Polícia Federal Guilhermo Catramby pede para voltar à combinação dos depoimentos. Neste momento, ele pergunta se Élcio conhecia Marcelo Junqueira, e Élcio afirma que sim. Jungueira é citado no depoimento como o dono da casa onde o trio marcou de se encontrar após o primeiro depoimento - segundo Élcio, Lessa não foi até o local combinado.

Élcio de Queiroz afirma que ficou esperando o depoimento de Ronnie. "Voltei várias vezes... mas o Ronnie não subiu para a casa do Junqueira não; só quem ficou na casa do Junqueira fui eu."

Outro lado

Procurado pelo UOL, o advogado Bruno Castro, que defende Lessa, disse: "Meu cliente nunca me falou sobre essa questão de combinar depoimento".

Advogada de Maxwell, Fabíola Garcia afirmou que "a defesa ainda não conseguiu ler toda a delação, e somente após a leitura integral e análise irá se manifestar".

O que aconteceu

Élcio de Queiroz, preso desde 2019, confessou participação no crime e apontou o colega Ronnie Lessa como autor dos tiros. A delação está de acordo com o que apurou a PF.

Segundo o ministro da Justiça Flávio Dino, foi a delação que embasou a operação de hoje, que prendeu o ex-bombeiro Maxwell Simões Corrêa no Rio. Suel, como é conhecido, já havia sido preso em 2020, acusado de ter se desfeito do carro usado na execução, mas respondia em liberdade.

Suel participou de ações de "vigilância e acompanhamento" de Marielle antes do assassinato e depois ajudou a encobertar o crime, disse o ministro.

Além de Suel, a delação de Élcio de Queiroz teria apontado outros participantes, que ainda não foram revelados. Dino ressaltou que há indícios do envolvimento de milícias e do crime organizado.

A delação encerra investigação no patamar da execução, afirmou Dino. Resta ainda solucionar quem foram os mandantes do crime. "A investigação não está concluída, [a delação] permite um novo patamar de investigação, a dos mandantes".

"Nas próximas semanas, provavelmente haverá novas operações derivadas desse conjunto de provas colhido no dia de hoje", declarou. "Não há crime perfeito. Outras novidades com certeza ocorrerão nas próximas semanas."

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