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Bolsonaro é intimado a depor 2 vezes; no caso das joias, com Michelle e Cid

e Tiago Minervino

Do UOL, em Brasília, e colaboração para o UOL, em São Paulo

22/08/2023 15h48Atualizada em 22/08/2023 22h45

A Polícia Federal intimou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para prestar dois depoimentos no dia 31 de agosto. O primeiro será no âmbito do inquérito que investiga um grupo de empresários suspeito de planejar um golpe de Estado no WhatsApp, em 2022.

O segundo caso é sobre as joias, e Bolsonaro terá de depor simultaneamente com a ex-primeira dama Michelle e outras pessoas — entre elas, o ex-ajudante de ordens Mauro Cid (que está preso), o general da reserva Mauro Lourena Cid (pai de Mauro Cid) e o advogado Frederic Wassef. A informação foi veiculada pelo blog de Natuza Nery e confirmada pelo UOL.

O caso do suposto golpe

Bolsonaro deverá depor no dia 31 de agosto, mas a defesa quer ter acesso aos autos antes de o ex-presidente ser ouvido.

A Polícia Federal quer o novo depoimento de Bolsonaro após a investigação localizar uma mensagem atribuída ao ex-presidente em que ele pede para que o empresário Meyer Nigri, dono da Tecnisa, compartilhe notícias falsas sobre ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) e em relação às urnas eletrônicas em grupos de WhatsApp.

O documento, ao qual o UOL teve acesso, mostra conversas de Nigri com um número identificado como 'PR Bolsonaro 8'. PR seria a sigla para presidente da República. O número atribuído ao então presidente enviou ao empresário mensagens com fake news e ataques a ministros do Supremo e pede que o conteúdo seja repassado "ao máximo".

Nigri afirma ter compartilhado com vários grupos uma das mensagens falsas, sobre uma fraude no sistema de votação brasileiro.

Bolsonaro nega que tenha integrado grupo com empresários que o apoiavam. Em entrevista à Jovem Pan News, o ex-presidente disse sentir "vergonha" de ter que falar novamente sobre esse assunto.

"Nunca participei desse grupo, trocava informações. Investigaram seis empresários, tiraram o restante e ficaram esses dois. Me chamaram para me ouvir sobre uma mensagem que compartilho que veio da imprensa. Não fui eu que escrevi, se for isso que estou pensando", declarou.

Entenda o caso do suposto golpe

Em agosto de 2022, o site Metrópoles revelou a existência de um grupo de empresários bolsonaristas para arquitetar um golpe caso o então candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vencesse as eleições.

Na última segunda-feira (21), Alexandre de Moraes arquivou o inquérito contra seis empresários que estavam nesse grupo. Afrânio Barreira Filho, José Isaac Peres, José Khoury Junior, Ivan Wrobel, Marco Aurélio Raymundo e Luiz André Tissot. A PF avaliou que eles não tiveram nenhuma atuação antidemocrática para além da participação no grupo.

Moraes manteve as investigações contra Nigri e Luciano Hang, dono das lojas Havan. O ministro manteve o inquérito contra o dono da Tecnisa sob o argumento de que há necessidade de continuar as diligências da PF. Já em relação a Hang, ainda são analisados os dados bancários do dono da Havan e tenta acessar o celular dele. A decisão de Moraes afirma que o empresário se recusou a fornecer as senhas aos investigadores.

O advogado de Meyer Nigri, Alberto Toron, disse ao UOL que vai aguardar a evolução das investigações com "absoluta serenidade". "Embora não concordemos, respeitamos a decisão do ministro Alexandre de Moraes", afirmou. A reportagem também procurou a assessoria de imprensa da Havan, e o texto será atualizado em caso de manifestação.

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