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Michelle Bolsonaro é plano B para meta do PL de fazer mil prefeitos em 2024

Michelle: cabo eleitoral do PL em 2024 Imagem: André Ribeiro/Estadão Conteúdo

Do UOL, em Brasília

06/09/2023 04h00Atualizada em 06/09/2023 06h43

Ancorado no bolsonarismo, o PL se tornou o maior partido da Câmara, com 99 deputados federais. A sigla pretende repetir a fórmula e vencer as eleições do ano que vem em pelo menos mil prefeituras. A prioridade serão cidades médias e grandes pelo interior do Brasil.

O papel do casal Bolsonaro

Jair Bolsonaro ainda não tem um papel definido na estratégia da legenda. Existe dúvida sobre qual será sua situação judicial diante de tantas investigações.

Até o momento, o PL também não sabe se o ex-presidente rende mais votos solto ou preso. Na cadeia, o partido poderia usar o discurso de mártir e pregar que os candidatos apoiados por ele são uma espécie de "resistência contra o sistema".

Solto, ele poderia viajar pelo país pedindo votos, fazendo motociatas e gerando material para TV e redes sociais. Uma pesquisa será feita até o final do ano para medir qual cenário é mais vantajoso.

Com essa indefinição, o PL se previne traçando uma alternativa. Michelle assumiria o posto de embaixadora do bolsonarismo. Ela está aprendendo ao lidar com grandes públicos ao viajar pelo país divulgando o PL Mulher.

No ano passado, a então primeira-dama foi muito elogiada pelos caciques do partido ao falar na convenção nacional do PL e no primeiro ato de campanha do marido.

A cúpula do partido tem altas expectativas, mas sabe que há pontos a melhorar. O discurso de Michelle é, por exemplo, considerado muito voltado para os evangélicos. Ela chama a igreja de "noiva do senhor", termo comum aos evangélicos, mas desconhecido dos católicos, que são a maioria do eleitorado.

Também é bem vista que ocorra uma mudança na equipe de Michelle, que não é considerada profissional e à altura do potencial dela.

O PL fará uma pesquisa para saber se Bolsonaro rende mais votos preso ou solto Imagem: Reprodução/O Estado de S.Paulo

Estratégias do PL

O partido já desenhou o que deseja para os próximos anos, em um ciclo de crescimento que sustentaria o PL:

  • Fazer um número expressivo de prefeitos em 2024;
  • Transformá-los em cabos eleitorais em 2026, para eleger mais deputados federais;
  • Com mais parlamentares, engordar a fatia do fundo partidário do PL, sobrando recursos para eleger mais prefeitos em 2028.

A aposta do partido é fazer prefeitos nas cidades médias e grandes do interior. O estado de São Paulo é usado como exemplo, com foco em municípios com muitos votos como Sorocaba, Ribeirão Preto e Santos —cidades que têm mais de 400 mil moradores.

A conquista do interior paulista já começou com a absorção do espólio do PSDB. Os tucanos chegaram a controlar 245 cidades, mas o esfacelamento da sigla faz os prefeitos baterem em retirada. O PL e o PSD têm sido os principais destinos.

Há ainda um plano de arrebatar o Sul do país. A região votou de forma massiva em Bolsonaro no ano passado. Além disso, o PT está desestruturado no Rio Grande do Sul, no Paraná e em Santa Catarina.

O Centro-Oeste e o Norte também são vistos como regiões como potencial de aumento do número de prefeituras, ainda se valendo do bolsonarismo.

Para chegar às mil prefeituras, o presidente do PL só não aceita uma situação: alianças com o PT. O partido de Lula aprovou autorizar coligações com candidatos do partido de Bolsonaro.

Bolsonaristas escanteados

O PL enfrenta crises em alguns municípios. Em São Paulo, por exemplo, o apoio à tentativa de reeleição de Ricardo Nunes (MDB) recebeu e ainda recebe críticas.

Bolsonaristas não ficaram contentes com o fato de o deputado federal Ricardo Salles (PL-SP) ter sido escanteado pela cúpula do partido. A sugestão de o candidato a vice não ser do grupo ligado ao ex-presidente também gerou reclamações.

O ex-ministro Marcelo Queiroga (Saúde) se filiou ao PL para concorrer à Prefeitura de João Pessoa, o que irritou as lideranças locais. O deputado federal Cabo Gilberto (PL-PB) se viu preterido na disputa. Neste mês, quando começam as inserções do partido na TV, ele não foi contemplado com nenhum segundo de exposição.

Provável candidatura de Queiroga em João Pessoa gerou insatisfação na Paraíba Imagem: Julia Prado/Ministério da Saúde

Em Campo Grande, a cúpula do partido não vê espaço para as aspirações do deputado Marcos Pollon (PL-MS), que sonhava em concorrer à prefeitura. A atual mandatária, Adriane Lopes (PP), tem boa avaliação e já recebeu o apadrinhamento da senadora Tereza Cristina (PP-MS), ex-ministra de Bolsonaro.

Isso demonstra que o partido vai ser bastante pragmático. Bolas divididas serão decididas de acordo com os interesses nacionais do PL.

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