Sakamoto: Defesa faz crer que Bolsonaro cometeria crime por alguém próximo
Colaboração para o UOL, em São Paulo
31/10/2023 11h09
Ao tentar defender Jair Bolsonaro da acusação de esconder alvos da Polícia Federal no Palácio da Alvorada, como disse Mauro Cid em delação e revelado com exclusividade pelo UOL, o advogado Fábio Wajngarten cometeu um deslize que deixa o ex-presidente em posição constrangedora. A avaliação é do colunista Leonardo Sakamoto, que aponta que as revelações do ex-ajudante de ordens "conectam as evidências de golpismo" de Bolsonaro.
Wajngarten deu a declaração polêmica ao dizer que o ex-presidente "nunca se aproximou" de Oswaldo Eustáquio, influencer bolsonarista investigado pela PF e que, segundo Cid, contaria com a ajuda de Bolsonaro para se esconder no Alvorada. O advogado alegou que Bolsonaro "não iria cometer crime por alguém com quem não mantinha relações próximas."
A língua portuguesa e a psicanálise são sensacionais. O que se depreende é que Bolsonaro poderia, sim, cometer crime por alguém com quem mantivesse relações próximas. O advogado Fábio Wajngarten foi bastante infeliz, ou feliz, na declaração. E quem seriam pessoas próximas o suficiente para que crimes fossem cometidos? Familiares? Filhos que estão na política ou no lobby? A esposa? Generais? Leonardo Sakamoto, colunista do UOL
Em participação no UOL News, Sakamoto destacou a relevância das novas revelações sobre a delação de Cid. Para o colunista, o tenente-coronel fornece elementos capazes de elucidar o quebra-cabeça de questões como golpismo, fraude no cartão de vacinação de covid-19 e apropriação indevida das joias sauditas, entre outras acusações ao ex-presidente.
Mesmo se conseguirem 15%, 20% de comprovação factual e de evidências que corroborem o discurso de Mauro Cid, isso é o suficiente para botar Bolsonaro na cadeia por muitos e muitos anos. As informações do Cid, além de terem potencial de se transformarem em prova contra Bolsonaro, têm a capacidade de conectar os pontos, não apenas com golpismo. Leonardo Sakamoto, colunista do UOL
Josias: Falta lote de sentenças condenatórias a enredo com Bolsonaro
Ao analisar as novas revelações na delação de Mauro Cid, Josias de Souza comentou que o cerco a Jair Bolsonaro está cada vez mais fechado. Para o colunista, "há muitas provas" de que o ex-presidente não só tramou um golpe como também quis proteger seus aliados de investigações. Com tantas evidências, na visão de Josias, falta apenas enquadrar Bolsonaro e condená-lo por seus atos.
Em um cenário no qual a PF busca comprovações do que o Cid está declarando, esse é um ponto absolutamente verificável. Cid já havia revelado que Bolsonaro havia usado o Alvorada como antro de golpismo. Não se suspeitava que Bolsonaro tramava às escondidas para passar a história do país a sujo. Só falta a esse enredo um lote de sentenças condenatórias. Há muitas provas contra Bolsonaro. Josias de Souza, colunista do UOL
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