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Com PAC nos estados, Lula abre palanque eleitoral para aliados

Lula reúne ministros e aliados para lançamento do "Pacto Nacional pela Retomada das Obras" Imagem: Ricardo Stuckert / PR

Do UOL, em Brasília

21/11/2023 04h00

Ministros e aliados do governo Lula (PT) têm usado lançamentos do Novo PAC (Programa de Aceleração ao Crescimento) como palanque de olho nas eleições municipais de 2024. O presidente já deu a ordem para seguir convidando parlamentares aos eventos regionais.

O que acontece

Com orçamento de R$ 60 bilhões da União por ano, o Novo PAC será o principal programa do governo federal no ano que vem. Lula não tem escondido que a ordem é investir em obras e que pretende rodar o Brasil para as inaugurações.

No início de novembro, ele assinou o "Pacto Nacional pela Retomada das Obras". O programa prevê a retomada das 11 mil construções inacabadas nas áreas de saúde e educação pelo país nos próximos quatro anos —parte delas revertida pelo PAC.

Os eventos, que já contam com ministros e aliados locais, devem bombar ainda mais. Em ano de eleições municipais, parlamentares e pré-candidatos, em especial de estados onde o petista é popular, não vão perder a chance de ter uma foto com o presidente.

Cabo eleitoral, dinheiro e voto

Lula tem insistido para que os ministros convidem aliados —e, num futuro breve, pré-candidatos— para os palanques. Os pedidos são feitos em especial ao ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, coordenador do PAC, e reforçados por Alexandre Padilha (Relações Institucionais), responsável pelo diálogo com o Congresso.

O plano é de fazer um "ganha-ganha". Para o governo, a promoção de aliados reverte em apoio no Congresso, até mais do que indicações para cargos. As votações deixam clara essa necessidade de angariar uma base mais ampla.

Já para os aliados é a chance de se aproximar de um dos principais cabos eleitorais do país: o presidente da República. Nos eventos, Lula costuma ser tietado para "fazer o L".

A estratégia também tem uma razão orçamentária. O PAC, como anunciado, pretende atingir o investimento até de R$ 1 trilhão nos quatro anos de governo, mas só disponibilizará R$ 240 bilhões vindos da União.

O resto vem principalmente de PPPs (parcerias público-privadas) e de emendas parlamentares. O governo tem tentado convencer os congressistas a incluírem dinheiro de emenda em seus projetos do PAC: colocar seus nomes no lançamento e mostrá-los nos eventos é parte fundamental para que o estímulo funcione.

Ninguém quer ficar de fora: Novo PAC em Alagoas reuniu lideranças que têm propostas opostas no estado Imagem: Wagner Lopes | CC

Do lado do adversário

A estratégia não é novidade. Ministros já têm usado inaugurações para visitar seus estados e, consequentemente, promover aliados e grupos políticos.

  • No final de outubro em Alagoas, o lançamento da obras em rodovias por meio do PAC reuniu o ministro dos Transportes, Renan Filho (MDB), ex-governador do estado, o atual governador Paulo Dantas (MDB) e o conterrâneo e adversário do grupo Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara dos Deputados.
  • Pouco antes, na Bahia, Rui, ex-governador, juntou o governador baiano Jerônimo Rodrigues (PT) e diversos deputados da "frente ampla" do governo, incluindo PSD e União Brasil, adversário histórico do PT no estado, para lançamentos do Minha Casa, Minha Vida.
  • No Maranhão, para investimento em moradia e infraestrutura, foram escalados os três ministros do estado: o ex-governador Flávio Dino (PSB), da Justiça; e os deputados licenciados André Fufuca (PP), do Esporte, e Juscelino Filho (União Brasil), das Comunicações, além do governador Carlos Brandão (PSB).
  • Sem viajar, Lula também promoveu aliados em eventos em Brasília. Para investimentos do PAC em infraestrutura em Pernambuco, foram ao Planalto quatro dos cinco ministros pernambucanos, incluindo até o AGU (Advogado-Geral da União), Jorge Messias, e a governadora Raquel Lyra (PSDB), que tem se aproximado do governo.

O governo justifica que a proximidade é a lógica política. Ministros e parlamentares do estado ajudam na alocação de recursos e, consequentemente, formam as alianças e políticas locais.

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