Candidato a ministro, Cappelli diz que não há alerta e 8/1 não se repetirá
O ministro em exercício da Justiça e da Segurança Pública, Ricardo Cappelli, descartou hoje "qualquer possibilidade" de novas intervenções golpistas na próxima segunda (8), quando marca um ano dos atentados em Brasília em 2023.
O que Cappelli disse
Na tarde de segunda, os chefes do Executivo, Legislativo e Judiciário vão se reunir no Congresso para uma cerimônia que pretende marcar a data. O objetivo é fazer um "grande evento democrático" que repudie as ameaças golpistas e mostre união entre os três Poderes.
Durante um evento com o governo do Distrito Federal hoje, Cappelli afirmou que "não há nenhuma informação que gere um alerta maior". A Esplanada dos Ministérios estará fechada para veículos, mas, segundo ele, manifestações serão permitidas —desde que respeitem o "limite democrático".
Aquilo [ataques golpistas] foi inaceitável. O Brasil é um país livre, democrático. [Mas] não se confunde manifestação democrática com tentativa de golpe de estado. Não se confunde manifestação democrática com ataque aos poderes. Não se confunde manifestação democrática com depredação do patrimônio público. Passadas eleições, não interessa em quem você votou.
Ricardo Cappelli, sobre 8/1
Para a segurança do evento e dos prédios da Esplanada, haverá um efetivo de 250 homens da Força Nacional e 2 mil policiais militares, segundo a governadora em exercício, Celina Leão (PP). Convidado para a cerimônia no Senado, o governador Ibaneis Rocha (MDB), que chegou a ser afastado do cargo após os atos antidemocráticos, está viajando e não participará do evento.
Cappelli afirmou ainda que a situação é "monitorada no dia a dia" e que podem haver mudanças caso a Polícia Federal identifique qualquer ameaça. "Todas as providências estão sendo tomadas para que nós tenhamos um dia 8 de celebração democrática", afirmou o ministro em exercício.
Atual secretário-executivo do ministério, Cappelli foi o interventor federal no DF durante 23 dias de janeiro, após os atos. Homem de confiança do ministro Flávio Dino (PSB), Cappelli tem atuado como um candidato disposto a assumir a pasta no lugar do chefe, que vai para o STF.
A escolha do sucessor de Dino é mantida em sigilo pelo presidente Lula (PT). Há expectativa de anúncio na semana que vem.
Não há hipótese de [o ataque] se repetir porque a reação da sociedade e dos Poderes foi muito forte, a reação estabeleceu um limite muito claro. A decisão do presidente Lula, a intervenção federal, a atitude que tivemos aqui [no Distrito Federal], foi uma atuação forte que estabeleceu o limite.
Ricardo Cappelli, sobre 8/1
Ato pela democracia
Há uma grande expectativa para o ato por parte dos chefes dos Poderes. Para mostrar união, todos os governadores foram convidados e Lula mandou que seus ministros encurtassem as férias para participarem em Brasília.
O plano é que a cerimônia tenha o mesmo tom do encontro ocorrido em 9 de janeiro de ano passado. Naquela data, os 27 governadores recém-empossados reuniram-se no Planalto e marcharam com Lula a pé pela Praça dos Três Poderes até o STF.
O problema é que nem todos os governadores se mostraram dispostos. Além de Ibaneis, outros governantes menos alinhados ao governo federal, como Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) e Ratinho Jr. (PSD-PR), deverão desfalcar.
O ato também poderá marcar o último ato de Flávio Dino no Ministério da Justiça. Com posse marcada no STF para 22 de fevereiro, Lula já falou que ele deverá ficar até o início do mês.
Lula ainda conversa com o ex-ministro do STF Ricardo Lewandowski, apontado no entorno do presidente como 'candidato ideal' para a vaga de Dino. A expectativa é que o martelo tenha sido batido durante o recesso, no Rio de Janeiro —Cappelli segue como um dos cotados.