Lula ironiza ataques dos Bolsonaro às urnas: 'Por que não renunciam?'
Do UOL, em Brasília e em São Paulo
08/01/2024 17h30Atualizada em 08/01/2024 18h08
O presidente Lula (PT) ironizou ataques às urnas eletrônicas, especialmente os feitos pela família Bolsonaro, durante seu discurso no evento "Democracia Inabalada", um ano após os ataques de 8 de Janeiro.
O que ele disse
Filhos do ex-presidente deveriam "renunciar" em "protesto à urna fraudulenta". Sem citar nomes, Lula ironizou as vitórias nas urnas dos filhos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e de outros parlamentares que criticam o voto eletrônico.
As pessoas que duvidam das eleições e da legalidade da urna brasileira porque perderam as eleições, por que não pedem para o seu partido renunciar todos os deputados e senadores eleitos? Os três filhos dele que foram eleitos, por que não renunciam em protesto à urna fraudulenta?
Presidente Lula
Lula relembrou seu histórico de eleições e suas vitórias e derrotas com as urnas eletrônicas. "Aliás, aqui não tem ninguém que disputou tanta eleição como eu, tampouco que perdeu tanto como eu, tampouco ninguém que ganhou tantas como eu", disse o presidente.
Se houvesse possibilidade de falsificar as urnas eleitorais, será que eu teria ido tantas vezes [para] o segundo turno e seria eleito presidente da República? Será que teríamos conseguido eleger a Dilma Rousseff na campanha de 2014, em um clima de guerra que foi estabelecido nesse país?
Presidente Lula
Lula ainda negou "perdão" a quem participou da tentativa de golpe. Para o petista, ação soaria como "impunidade" e abriria espaço para futuros atos semelhantes.
Falas fortes de Moraes e Pacheco
Moraes cobrou a regulamentação das redes, e Pacheco chamou participantes do ato de "traidores da pátria". O ministro do Supremo disse que as plataformas lucram com "proliferação de notícias fraudulentas e discursos de ódio e antidemocráticos", enquanto o presidente do Senado destacou a "vigilância" em relação a uma "minoria que deseja tomar o poder ao arrepio da Constituição".
Ao menos 500 autoridades estiveram na solenidade. Entre eles, governadores, ministros, membros do Judiciário e parlamentares. A segurança no entorno foi reforçada e a Esplanada dos Ministérios ficou parcialmente fechada.
Cúpula do poder apareceu em peso. Entre os participantes, ainda estavam o presidente do STF, Luís Roberto Barroso, e a ex-ministra Rosa Weber, presidente da Suprema Corte quando ocorreram os atos.
Oposição resolveu boicotar o evento. Governadores deram desculpas variadas para não comparecerem, de férias a compromissos pré-agendados.
Militares no ato, mas calados. Os chefes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica também acompanham a solenidade. A presença dos militares mostra que há "compromisso" da Força com a democracia, mas eles não discursaram.
Mais detalhes da cerimônia
Cadeiras da época do Brasil Império. A estrutura onde o presidente Lula e outras nove autoridades se sentaram foi cedida pelo Planalto. Já as cadeiras são do Congresso. Uma delas, inclusive, foi alvo de vandalismo pelos golpistas que entraram na sede do Legislativo, segundo informações do Museu do Senado.
A tapeçaria de Burle Marx vandalizada foi reintegrada ao patrimônio público de maneira simbólica durante a cerimônia. O restauro foi necessário após manifestantes urinarem e rasgarem a obra, que ficava exposta na parede do Salão Negro do Congresso.
A solenidade teve ainda a entrega simbólica de uma réplica da Carta Magna. O livro foi recuperado sem qualquer dano pela Polícia Federal, em São Lourenço (MG).
Veja discurso de Lula na íntegra