'Não há perdão para quem atenta contra democracia', diz Lula sobre 8/1
O presidente Lula (PT) discursou hoje no ato conjunto no Congresso que marca um ano dos ataques do 8 de janeiro contra quem tenta um golpe contra a democracia.
O que aconteceu
Perdão para golpistas seria "impunidade" e "salvo-conduto" para novos atos, disse Lula. O presidente agradeceu às forças de segurança do Senado e da Câmara pela atuação contra os invasores e afirmou que a democracia seria "destruída se a tentativa de golpe fosse bem-sucedida".
Não há perdão para quem atenta contra democracia, contra seu país e seu próprio povo. O perdão soaria como impunidade, e a impunidade como salvo-conduto para novos atos terroristas no nosso país.
Presidente Lula
Lula não citou nome de Bolsonaro, mas chamou ex-presidente de "golpista". O petista afirmou que adversários políticos e autoridades constituídas poderiam ter sido "fuzilados em praça pública a julgar por aquilo que o ex-presidente golpista pregou em campanha", bem como o que "seus seguidores golpistas tramaram em redes sociais".
O presidente ainda defendeu a regulação das redes sociais. Segundo Lula, o conceito de liberdade não pode ser usado para justificar a propagação de notícias falsas ou de discursos de ódio.
Liberdade não é uma autorização para espalhar mentiras sobre as vacinas nas redes sociais, o que pode ter levado centenas de milhares de brasileiros à morte pela covid. Liberdade não é o direito de pregar a instalação de um regime autoritário e o assassinato de adversários. As mentiras, a desinformação e os discursos de ódio foram o combustível para o 8 de janeiro. Nossa democracia estará sob constante ameaça, enquanto não formos firmes na regulação das redes sociais.
Presidente Lula
Oposição fica ausente de ato
Ao menos 500 autoridades estiveram na solenidade. Entre eles, governadores, ministros, membros do Judiciário e parlamentares. A segurança no entorno foi reforçada e a Esplanada dos Ministérios ficou parcialmente fechada.
Cúpula do poder apareceu em peso. Entre os participantes, estavam o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), o presidente do STF, Luís Roberto Barroso, a ex-ministra Rosa Weber, presidente da Suprema Corte quando ocorreram os atos, e o presidente do TSE, Alexandre de Moraes.
Oposição resolveu boicotar o evento. Governadores deram desculpas variadas para não comparecerem, de férias a compromissos pré-agendados.
Lira ausente. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que era esperado no ato, cancelou a participação por problemas de saúde na família.
Militares no ato, mas calados. Os chefes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica também acompanham a solenidade. A presença dos militares mostra que há "compromisso" da Força com a democracia, mas eles não discursaram.
Faltar em um evento como este é insistir em atacar a democracia e que me faz questionar o comprometimento de alguns com a manutenção do Estado Democrático de Direito, visto que a democracia continua sob ameaça.
Randolfe Rodrigues, senador e líder do governo, sobre ausências da oposição na cerimônia
Veja mais detalhes da cerimônia
Cadeiras da época do Brasil Império. A estrutura onde o presidente Lula e outras nove autoridades se sentaram foi cedida pelo Planalto. Já as cadeiras são do Congresso. Uma delas, inclusive, foi alvo de vandalismo pelos golpistas que entraram na sede do Legislativo, segundo informações do Museu do Senado.
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Quero receberHino cantado por ministra. Na abertura do ato, foi executado o Hino Nacional pela cantora e ministra da Cultura, Margareth Menezes.
Câmara inaugurou exposição. Mostra reúne fotos das invasões e objetos que foram danificados pelos golpistas.
A tapeçaria de Burle Marx vandalizada foi reintegrada ao patrimônio público de maneira simbólica durante a cerimônia. O restauro foi necessário após manifestantes urinarem e rasgarem a obra, que ficava exposta na parede do Salão Negro do Congresso.
A solenidade teve ainda a entrega simbólica de uma réplica da Carta Magna. O livro foi recuperado sem qualquer dano pela Polícia Federal, em São Lourenço (MG).
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