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Marta deixa prefeitura após aceitar ser vice de Boulos e irritar Nunes

Do UOL, em São Paulo e em Brasília

09/01/2024 16h15Atualizada em 09/01/2024 20h40

Marta Suplicy e a Prefeitura de São Paulo confirmaram a saída dela da secretaria de Relações Internacionais. O anúncio aconteceu após a ex-prefeita ter aceitado o convite para ser vice do pré-candidato Guilherme Boulos (PSOL).

O que aconteceu

Para o prefeito, a reunião de Marta com Lula ontem foi a gota d'água para a saída. A aliados, Ricardo Nunes (MDB) disse que se sentiu traído por uma articulação feita "pelas costas" e que Marta foi uma grande decepção.

Tanto Marta (sem partido) como a prefeitura afirmam que a demissão foi em "comum acordo". "Neste momento em que o cenário político de nossa cidade prenuncia uma nova conjuntura, diferente daquela em que, em janeiro de 2021, tive a honra de ser convidada por Bruno Covas, encaminho, nesta data, de comum acordo, meu pedido de demissão deste cargo", diz trecho da carta da agora ex-secretária (leia na íntegra).

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Nunes e ela se reuniram por uma hora na sede da prefeitura. Marta foi embora do prédio pelo elevador interno e não falou com a imprensa. Participaram também da conversa o secretário de Governo, Edson Aparecido, e o marido de Marta, o empresário Marcio Toledo.

O prefeito afirmou a auxiliares que a negociação de Marta com o PT teria o "dedo" do marido dela. Toledo também estava na reunião com Lula e tem defendido a reaproximação com o partido, que voltou ao poder.

A decisão de Marta integrar a chapa de Boulos acontece em meio à proximidade de Nunes com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Em 2022, ela apoiou a candidatura de Lula.

O prefeito teria recuado em divulgar mensagem com críticas a Marta. Uma carta foi preparada por marqueteiros próximos a Bolsonaro e que estão por trás da campanha de Nunes à reeleição em São Paulo, apurou o UOL. Porém, o prefeito não fez críticas à sua agora ex-secretaria (ao menos por enquanto).

Acordo para ser vice de Boulos

Mais cedo, Boulos não confirmou nem desmentiu o acordo com Marta. Ele repetiu que a negociação está sendo feita pelo PT, elogiou a ex-prefeita e disse que ela deixou um legado na capital paulista — o colunista do UOL Leonardo Sakamoto informou que ela aceitou fazer parte da chapa com o psolista.

A escolha de vice pelo PT foi acertada com o PSOL. O acordo era que Boulos desistiria de sua candidatura em 2022 para apoiar Fernando Haddad ao Palácio dos Bandeirantes; em troca, o PT não lançaria um nome em 2024 para ficar ao lado do deputado na corrida à prefeitura paulistana.

É a primeira vez que o PT não terá um candidato a prefeito em São Paulo desde 1985 — por isso o acordo da legenda para indicar quem seria vice da chapa de Boulos.

Ontem, Nunes disse que tinha "confiança" em Marta. Ele afirmou que os dois têm "uma relação pessoal" e que ela teria falado caso houvesse qualquer movimentação para sair da prefeitura.

O que mais disse Marta na carta

Como em outras passagens de minha vida pública, seguirei caminhos coerentes com minha trajetória, princípios e valores que nortearam toda a minha vida pública e que proporcionaram construir o legado que me trouxe até aqui.
Trecho da carta de demissão da Marta Suplicy

O que disse Boulos

Da mesma forma que a Marta esteve na frente democrática com o presidente Lula em 2022, acho um caminho bastante razoável que ela possa estar conosco para derrotar o bolsonarismo, a partir do momento em que o prefeito diz que quer a todo custo uma aliança com Jair Bolsonaro.
Guilherme Boulos, pré-candidato à Prefeitura de São Paulo

Marta tem história no PT

Ex-prefeita, Marta governou cidade de São Paulo entre 2001 e 2004. À época, ela estava no PT, partido ao qual foi filiada até 2015, quando trocou a legenda pelo então PMDB — hoje ela está sem partido.

Marta votou a favor do impeachment de Dilma em 2016. Ela nunca perdeu, entretanto, a relação de proximidade com Lula. "Estamos olhando para frente, não estamos olhando pelo retrovisor", disse o deputado federal Rui Falcão (PT-SP), ao ser questionado hoje sobre o voto de Marta no impeachment.

Ela também foi ministra em duas ocasiões. Ela comandou as pastas da cultura (entre 2012 e 2014) e do turismo (entre 2007 e 2008). Além disso, foi deputada federal (1995 a 1999) e senadora (2011 a 2019).

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