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Por que Marta foi alvo de disputa na corrida à Prefeitura de São Paulo

Marta Suplicy e Guilherme Boulos em almoço na casa da ex-prefeita em São Paulo Imagem: José Luís da Conceição/Divulgação

Do UOL, em São Paulo

16/01/2024 04h00Atualizada em 16/01/2024 10h52

A saída tumultuada de Marta Suplicy da Prefeitura de São Paulo para ser vice do pré-candidato Guilherme Boulos (PSOL) movimentou o início da pré-campanha municipal.

Por que a ex-prefeita é considerada um trunfo

Marta tem bom trânsito em grupos de centro-direita e é conhecida. Mesmo se desfiliando do PT em 2015, por exemplo, ela manteve boa relação com Lula e o apoiou em 2022.

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A experiência como prefeita com os legados positivos na administração municipal também são pontos fortes da sua trajetória. Ela foi a responsável pela criação do Bilhete Único, dos CEUs (Centros Educacionais Unificados) e dos corredores exclusivos para ônibus, por exemplo.

Marta também é uma figura política importante na periferia. A ex-prefeita angariou votos nessas regiões devido aos feitos em sua gestão municipal. Em 2016, quando tentou a prefeitura, Marta foi a candidata mais bem votada em distritos como o da Capela do Socorro, Guaianases, Grajaú, Perus e Cidade Tiradentes, segundo o TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

O PL, que deve apoiar o pré-candidato à reeleição Ricardo Nunes (MDB), chegou a sondar Marta para ser vice na chapa. As conversas não prosperaram, porque ela se opõe ao ex-presidente Jair Bolsonaro, a quem já chamou de "psicopata".

Além da proximidade com Nunes, Marta foi elogiada no início do ano pela pré-candidata Tabata Amaral (PSB).A deputada federal postou nas redes sociais que suas leituras de início do ano incluíam o livro "Minha vida de prefeita - O que São Paulo me ensinou" da ex-prefeita. "Marta Suplicy foi uma das melhores prefeitas que São Paulo já teve, além de ter sido a segunda mulher a ocupar esse cargo", escreveu Tabata.

Boulos lidera a intenção de voto à Prefeitura de São Paulo, segundo o Datafolha. Em segundo lugar aparece o pré-candidato à reeleição, Nunes, e na sequência Tabata e Kim Kataguiri (União).

Como em outras passagens de minha vida pública, seguirei caminhos coerentes com minha trajetória, princípios e valores que nortearam toda a minha vida pública e que proporcionaram construir o legado que me trouxe até aqui.
Trecho da carta de demissão da Marta Suplicy

Boulos almoçou na casa de Marta no último sábado (13) Imagem: Eduardo Knapp/Folhapress

Marta precisa ainda se filiar ao PT

Marta deixou o cargo de secretária de Relações Internacionais na última terça-feira após escolher ser vice de Boulos. A ex-prefeita assumiu a função em 2020, ainda na gestão de Bruno Covas (morto em 2021).

Para se oficializar como pré-candidata a vice na chapa de Boulos, Marta precisa se filiar ao PT. A expectativa é que isso ocorra antes do Carnaval para que ela já comece a atuar na pré-campanha. Uma reunião está marcada hoje no diretório do partido para discutir a filiação dela.

O deputado estadual Eduardo Suplicy (PT) defende que o partido faça prévias para escolha do vice. Ele sugeriu o nome da vereadora Luna Zaratini — que já negou — e da deputada federal Juliana Cardoso. A indicação de Marta foi feita pelo próprio presidente Lula e articulada pelo deputado Rui Falcão.

Os pontos forte de Marta como sua experiência na administração municipal serão usados pela pré-campanha de Boulos. A chegada dela à chapa reforça a narrativa do combate ao bolsonarismo. A decisão aconteceu devido à aproximação de Nunes com Bolsonaro. O prefeito depende do apoio do ex-presidente para enfrentar Boulos, agora vinculado ao PT do presidente Lula.

Com Marta na chapa, a ideia é conseguir mais votos na periferia — especificamente na zona sul, onde ela sempre teve apoio. A região será estratégica nessa eleição, já que é reduto político de Nunes e abriga também os bairros onde Boulos e Tabata moram na cidade.

Marta também consegue circular em grupos de empresários e de centro-direita, nos quais Boulos tem mais dificuldade. A figura da ex-prefeita representa um equilíbrio maior para chapa, já que rivais do deputado tem tentado reforçar a pecha de extremista e sem capacidade de diálogo.

Neste ano, temos o desafio de enfrentar e derrotar o bolsonarismo em São Paulo, reeditar uma frente democrática e discutir o futuro.
Guilherme Boulos após se encontrar com Marta

Trajetória política de Marta

Marta votou a favor do impeachment de Dilma Rousseff em 2016. "Estamos olhando para frente, não estamos olhando pelo retrovisor", disse o deputado federal Rui Falcão (PT-SP), ao ser questionado sobre a posição de Marta no impeachment.

Em 2022, essa foi a mesma frase usada pela ex-prefeita para falar da sua reaproximação com o PT. "Não sou uma pessoa de ficar olhando pelo retrovisor, nem na vida pessoal nem na política", disse.

Além de prefeita, Marta já foi secretária, deputada federal, senadora e ministra do Turismo e de Cultura. Ela foi filiada ao PT de 1981 até 2015, quando saiu do partido e migrou para o MDB.

Em 2018, deixou o MDB, anunciou o fim da carreira política e focou em temas como empoderamento feminino e combate ao racismo. Em 2020, se filiou ao Solidariedade, mas saiu em 2021 para apoiar Bruno Covas (PSDB) nas eleições municipais — desde então, está sem partido.

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