Caso Gritzbach: PF apura em um mês o que a Polícia Civil não fez em 2 anos
A Polícia Federal levou apenas um mês para identificar os homens que sequestraram, levaram para um cativeiro e submeteram o empresário Antônio Vinícius Lopes Gritzbach, 38, a um "tribunal do crime" do PCC (Primeiro Comando da Capital) em janeiro de 2022 em São Paulo.
O DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), órgão da Polícia Civil de São Paulo, abriu inquérito para investigar o sequestro, mas nunca identificou todos os autores e o caso acabou arquivado. Um delegado e dois investigadores da unidade que acompanharam o crime estão presos.
A PF passou a investigar o sequestro e também as delações feitas por Gritzbach contra integrantes do PCC (Primeiro Comando da Capital) e policiais civis corruptos em 9 de novembro deste ano, ou seja, um dia após ele ser morto a tiros de fuzis no aeroporto internacional de Guarulhos.
Em 30 dias de de investigação, a PF chegou aos nomes de dois acusados que estiveram no cativeiro e não foram identificados no inquérito do DHPP. Um deles é Diego dos Santos Amaral, o Didi, e o outro Emílio Carlos Gongorra Castilho, o Bill, também conhecido como Cigarreiro.
Mandantes do assassinato
As investigações da PF indicam que os dois são suspeitos de serem os mandantes da morte de Gritzbach, Diego é primo de Kauê do Amaral Coelho, 29, apontado como o olheiro que ficou no saguão do terminal 2 do aeroporto, viu Gritabach desembarcar e avisou os atiradores do lado de fora.
Nas delações feitas ao MP-SP (Ministério Público do Estado de São Paulo), Gritzbach só sabia o apelido de Cigarreiro, mas contou que ele era um dos mais violentos no cativeiro e o ameaçava de morte o tempo todo. A PF tem as fotos, qualificação, processos e folha de antecedentes de Emílio Carlos.
Gritzbach revelou aos promotores de Justiça que Cigarreiro corrompia policiais civis e inclusive tinha até "a chave" do Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais). O inquérito do sequestro dele começou no DHPP e, seguiu para o Deic onde foi arquivado.
Os policiais federais apuraram que também estiveram no cativeiro de Gritzbach o investigador Marcelo Ruggieri, o Xará; o cocunhado dele, Robinson Granger de Moura, o Molly; Danilo Lima de Oliveira, o Tripa; Cláudio Marcos de Ameida, o Django; e Rafael Maeda Pires, o Japa.
O "tribunal do crime" queria saber se Gritzbach havia ou não ordenado as mortes de Anselmo Bechelli Santa Fausta, 38, o Cara Preta, e Antônio Corona Neto, 33, o Sem Sangue, narcotraficantes com influência no PCC e mortos a tiros em 27 de dezembro de 2021 no Tatuapé, zona leste paulistana.
Django, sócio de Cara Preta, absolveu Gritzbach da acusação do duplo homicídio e, em represália, foi enforcado pelo PCC em janeiro de 2022. Japa também foi contra a punição ao empresário e foi "induzido a cometer suicídio" em maio do ano passado em um prédio no Tatuapé.
Investigações da Polícia Federal estão bem mais adiantadas
O delegado Fábio Baena e os investigadores Eduardo Monteiro e Rogério de Almeida Felício, que acompanharam as investigações do sequestro de Gritzbach e os assassinatos de Cara Preta e Sem Sangue, foram alvos da PF durante a deflagração da Operação Tacitus (termo que em latim que significa silencioso). Os dois primeiros foram presos, enquanto Rogério está foragido.
Também foram presos os investigadores Marcelo Ruggieri e Marcelo Souza (Bombom), Robinson Granger, o advogado Ahmaed Hassan Saleh,o Mudi, e Ademir Pereira de Carvalho. Foi em um prédio de Ademir que Japa foi encontrado morto com tiro na cabeça.
Todos os presos na Operação Tacitus foram delatados por Gritzbach ao MP-SP. O delegado e os investigadores foram denunciados por ele à Corregedoria da Polícia Civil por supostos envolvimentos em corrupção.
Newsletter
OLHAR APURADO
Uma curadoria diária com as opiniões dos colunistas do UOL sobre os principais assuntos do noticiário.
Quero receberA PF apurou que Ademir é ligado ao olheiro Kauê, que por sua vez, é primo de Didi, um dos sequestradores de Gritzbach. Kauê, Didi e Emílio Carlos, o Cigarreiro, estão foragidos e com prisão temporária decretada pela Justiça por suspeitas de envolvimento na morte do delator do PCC.
O DHPP até agora não descobriu quem são os mandantes da morte de Gritzbach. As investigações da Polícia Federal estão bem mais adiantadas e os agentes têm inclusive os nomes dos principais suspeitos.
Deixe seu comentário
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.