Acusação contra Transparência Internacional é falsa e leviana, diz diretor
Do UOL, em São Paulo
05/02/2024 14h39Atualizada em 06/02/2024 11h59
O diretor-executivo da Transparência Internacional, Bruno Brandão, negou hoje que a ONG tenha recebido qualquer valor de acordos de leniência no país.
O que aconteceu
"Transparência Internacional nunca receberia, recebeu ou receberá qualquer recurso do acordo de leniência da J&F ou de qualquer outro acordo de leniência do Brasil", disse o diretor-executivo da organização, Bruno Brandão, em entrevista à GloboNews.
Brandão também disse que a ONG viu com surpresa a decisão do ministro do STF Dias Toffoli de investigar a organização. "Recebemos com espanto esse pedido, porque esses documentos já estão públicos, que explicitamente vedavam qualquer repasse a Transparência Internacional e tampouco previa qualquer papel gestor a esses recursos", afirmou.
Diretor-executivo também disse que a organização não é partidária. "A organização critica quem está no poder, nos últimos quatro anos criticamos muito o governo Bolsonaro", acrescentou.
Em entrevista à CNN Brasil, Brandão afirmou que a denúncia da PGR foi baseada em fake news. "Não estou dizendo que houve qualquer intencionalidade do ex-PGR, mas é fato que havia informações inverídicas em um documento oficial que foi vazado e gerou uma campanha difamatória contra a Transparência Internacional - Brasil. É muito grave que uma fake news tenha nascido em um órgão de estado máximo persecutório", disse.
Toffoli determinou hoje que se investigue se a ONG recebeu valores indevidos dos acordos firmados, entre eles o da Lava Jato. Ele argumentou que cláusulas do acordo apontam que, ao invés de os recursos seguirem para o Tesouro Nacional, como prevê a lei, eles foram para a Transparência Internacional, "uma instituição privada, alienígena e com sede em Berlim".
Ministro atendeu a uma notícia-crime apresentada pelo deputado Rui Falcão (PT-SP).
Decisão acontece após a ONG criticar a decisão de Toffoli de suspender as multas aplicadas à J&F, dos irmãos Joesley e Wesley Baptista, e da Odebrecht. A organização rebaixou o Brasil em um ranking de corrupção, e disse que as decisões monocráticas do ministro "causaram um imenso impacto sobre a imunidade de casos de corrupção".
"São acusações absolutamente falsas e levianas, a Transparência Internacional nunca receberia fundos. Os documentos são claros sobre os limites e as propostas da operação"
Bruno Brandão
J&F Investimentos rebate
"A Transparência Internacional mente", afirma a J&F Investimentos. Em nota, a empresa afirmou que "a ONG tentou insistentemente se apropriar de recursos do acordo de leniência da J&F e de outras empresas. Foi o próprio Bruno Brandão, em pessoa, quem indicou à J&F os dados da Transparência Internacional para receber o depósito de recursos do acordo de leniência, enquanto era estruturada a fundação planejada por ela para gerir os valores", diz o texto.
O dever e o direito de executar os projetos sociais previstos no acordo de leniência eram da própria J&F, acrescenta a empresa. "Um despacho do Ministério Público Federal, de abril de 2019, pressionou a empresa a aceitar as condições de governança impostas pela Transparência Internacional. Foi a resistência da J&F em desviar esses recursos que frustrou procuradores e seus parceiros e agravou a perseguição contra a companhia", alega a J&F.
A reação da Transparência Internacional contra qualquer tipo de escrutínio legal às suas atividades demonstra que ela não está comprometida com os valores que prega.
J&F Investimentos, em nota