Na contramão de Bolsonaro, Valdemar e Anderson Torres não ficam em silêncio
Do UOL, em Brasília
22/02/2024 18h23Atualizada em 22/02/2024 20h41
Ministro da Justiça na gestão de Jair Bolsonaro, Anderson Torres respondeu às perguntas da Polícia Federal sobre a suposta tentativa de golpe de Estado para manter Bolsonaro no poder. Outro que falou foi Valdemar Costa Neto, presidente do PL.
O que aconteceu
A atitude de ambos difere da adotada por Bolsonaro, que exerceu o direito de ficar calado. Paulo Cunha Bueno, advogado do ex-presidente, justificou que orientou o cliente a não responder sobre o tema na investigação porque falta acesso à delação de Mauro Cid.
Questionado se temia uma delação de Anderson Torres, o advogado não respondeu. Ele parece ter adotado uma estratégia diferente em relação aos demais bolsonaristas ouvidos hoje.
O depoimento do ex-ministro durou cerca de cinco horas. A defesa descartou delação e disse, à noite, que ele "respondeu serenamente a todas as perguntas que lhe foram formuladas". Torres foi preso na esteira da invasão às sedes dos Três Poderes e usa tornozeleira eletrônica. A primeira minuta golpista encontrada pela PF estava na casa dele. O documento foi localizado logo depois do 8 de Janeiro.
No dia da invasão às sedes dos Três Poderes, Torres estava nos Estados Unidos. O ex-presidente havia viajado para lá pouco antes de deixar o Planalto.
Anderson Torres esclareceu todas as dúvidas em relação aos fatos investigados e reafirma sua disposição para cooperar com as investigações. O ex-ministro acredita na Justiça e confia nas instituições brasileiras.
Nota da defesa do ex-ministro
Valdemar também fala
Outro que não ficou calado foi o presidente do PL. Ele respondeu as perguntas por cerca de três horas e 40 minutos.
O que foi perguntado a Valdemar e mais detalhes não foram revelados. Marcelo Bessa, advogado de defesa, encaminhou nota em que dizia que "a defesa não fará qualquer comentário sobre as investigações".
No total, foram 11 depoimentos em Brasília nesta quinta, incluindo ex-ministros e militares de alta patente. Os nomes mais ligados a Bolsonaro permaneceram calados.
Ficaram em silêncio:
- Jair Bolsonaro (ex-presidente)
- Augusto Heleno (ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional)
- Mário Fernandes (ex-ministro substituto da Secretaria-Geral da Presidência)
- Almir Garnier (ex-comandante-geral da Marinha)
- Paulo Sérgio Nogueira (ex-ministro da Defesa)
- Braga Netto (ex-ministro da Casa Civil)
- Ronald Ferreira (oficial do Exército)
- Sergio Cavaliere (major do Exército)
- Rafael Martins (tenente-coronel do Exército)
- Amauri Feres Saad (advogado apontado como responsável pela minuta do golpe)
No total, a PF convocou Bolsonaro e mais 21 pessoas. Depoimentos foram realizados e outros estados.
Rio de Janeiro:
- Hélio Ferreira Lima
- Sérgio Ricardo Cavaliere de Medeiros
- Ailton Gonçalves Moraes de Barros
- Rafael Martins Oliveira
São Paulo:
- Amauri Feres Saad
- José Eduardo de Oliveira
Paraná:
- Filipe Garcia Martins
Minas Gerais:
- Éder Balbino
Mato Grosso do Sul:
- Laércio Virgílio
Espírito Santo:
- Ângelo Martins Denicoli
Ceará:
- General Estevam Theophilo (sexta-feira)