Bolsonaro fica em silêncio, e advogado chama inquérito de 'semissecreto'
Como esperado, Jair Bolsonaro escolheu não responder as perguntas da Polícia Federal na investigação de que teria tentado um golpe de Estado. Paulo Cunha Bueno, advogado do ex-presidente, justificou que não teve acesso aos autos e chamou o inquérito de "semissecreto".
O que aconteceu
Bolsonaro ficou cerca de meia hora no prédio da PF. Ele chegou pouco antes do horário marcado, num comboio de carros, e deixou o local sem dar entrevistas. Na sequência da saída do ex-presidente, seus advogados conversaram com jornalistas. Cunha Bueno disse que o cliente não cometeu crime, mas que não há condições de responder questões da Polícia Federal sem ter conhecimento dos elementos da investigação, como a delação de Mauro Cid.
A atitude contrasta com o comportamento de Bolsonaro. Ele escolheu não falar com a PF, mas marcou um ato para o próximo domingo (25) para se defender das acusações.
O único motivo pelo qual Bolsonaro fez uso do silêncio foi dado ao fato de ele responder hoje a uma investigação semissecreta.
Paulo Cunha Bueno, advogado do ex-presidente
Bolsonaro jamais se furtou ao comparecimento perante a autoridade policial quando intimado.
Defesa de Bolsonaro, em nota
Depoimentos em série
A PF marcou para hoje, às 14h30, o depoimento de 21 investigados por suspeita de tramarem um golpe de Estado para manter o ex-presidente Jair Bolsonaro no poder.
O objetivo dos investigadores, ao agendar os depoimentos no mesmo horário, é impedir a combinação de versões. É a mesma estratégia utilizada nos depoimentos do inquérito que apura a venda de joias quem envolve Bolsonaro e aliados.
A defesa de Bolsonaro tentou adiar o depoimento e pediu para que ex-presidente não precisasse comparecer à sede da PF, mas o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), negou.
A maioria ficou pouco tempo na PF, saindo cerca de meia hora depois do horário do depoimento. Somente Valdemar Costa Neto e Anderson Torres permaneciam no local às 16h. A defesa de Valdemar Costa Neto disse que ele "respondeu todas as perguntas que lhe foram feitas". "A defesa não fará qualquer comentário sobre as investigações."
Os depoentes podem ficar em silêncio. Usaram desse direito Bolsonaro, general Augusto Heleno, Mario Fernandes, o almirante Garnier, Paulo Sergio Nogueira, o general Braga Netto, o oficial Ronald Ferreira, major Sergio Cavaliere, tenente-coronel Rafael Martins e o advogado Amauri Feres Saad, segundo o UOL apurou. Segundo os advogados Marcus Vinícius Figueiredo e Luís Henrique Prata, que defendem Braga Netto desde ontem, "o cliente exerceu o direito de ter acesso absoluto e integral a toda investigação para que possa prestar os devidos esclarecimentos".
Apoiadores do ex-presidente compareceram à sede da PF. Quando Bolsonaro chegou, eles ignoraram uma faixa que isolava a entrada da garagem e avançaram sobre o carro. Agentes entraram em ação para afastar os militantes.
Quem são os intimados
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