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Em 1ª reunião, Lula poupa Haddad, pede mais viagens e cobra Nísia e Dias

Do UOL, em Brasília

18/03/2024 14h35Atualizada em 18/03/2024 17h53

O presidente Lula (PT) pediu um esforço geral aos ministros para "traduzirem" melhor os resultados de suas pastas para a população em reunião ministerial hoje no Palácio do Planalto.

O que aconteceu

Lula fez hoje a primeira reunião ministerial do ano, agendada após pesquisas de opinião indicarem queda na aprovação do governo. Na fala de abertura, ressaltou que é dever da equipe mostrar as ações dos últimos 13 meses. "Se as pessoas não falam bem da gente, ou bem das coisas que a gente fez, nós é que temos que falar", disse.

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O momento mais tenso foi com a ministra da Saúde, Nísia Trindade, para quem Lula fez cobranças sobre o combate à dengue. A ministra se emocionou ao falar de ataques sofridos à frente da pasta e disse que a situação realmente "está difícil", mas apresentou propostas.

Lula pediu ações mais eficientes do Ministério da Saúde e reclamou em específico que a pasta teria lançado campanha de vacinação sem números completos. Pelo menos oito estados e o Distrito Federal já entraram em estado de emergência.

Auxiliares do presidente, porém, dizem que a ministra está firme no cargo. O UOL apurou inclusive que Lula reforçou na reunião que Nísia "é a ministra dele" e "ninguém mexe", mas tratou sobre emendas. A base e o centrão têm argumentado que a gestão dela é uma das mais "fechadas" da Esplanada —aliados tentam minimizar, afirmando que a ministra tem um "perfil técnico" e "nunca foi política", mas a cobrança segue.

Além disso, Lula tem repetido durante todo o mandato que os feitos do governo não chegam à população. Nos encontros, costuma dizer que o governo tem diversas conquistas em diferentes setores, mas que o povo não percebe essa "sensação".

Além de Lula e Rui, discursaram os ministros Fernando Haddad (Fazenda), Alexandre Padilha (Relações Institucionais) e Paulo Pimenta (Secom). Outros, como Nísia, fizeram exposições pontuais ou responderam a questionamentos do presidente.

"Traduzir" os feitos

A reunião teve um tom "leve, mas enfático", segundo pessoas que participaram dela. Lula fez ponderações sobre comunicação, mas pediu um esforço conjunto dos ministérios para que cada um saiba passar, "traduzir", o que tem feito. Para ele, o ponto é que muitas vezes a população não entende que certa melhoria de vida vem do governo.

Lula cobrou que os ministros também aumentem as viagens, mesmo sem novos projetos. O ponto do presidente é que já há um "portfólio robusto" de ações de governo e que ajudaria se eles mostrarem pessoalmente —e com a base— essas melhorias.

Uma ideia, disse Lula, seria colar em governos bem avaliados, como o Pará de Helder Barbalho (MDB). Lula sugeriu a ministros maior inserção nesses estados, com agendas locais. Também pediu a Pimenta, mais uma vez, que intensifiquem as pautas regionais.

Em entrevista após o encontro, o ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, chamou de "efeito aerossol". "Quando se pulveriza demais [a comunicação da conquista], as pessoas não enxergam que o aerossol foi acionado", comparou o ministro.

Distribuição de pedidos

Lula reclamou ainda que muitas vezes só sabe das crises pela imprensa. Seja na parte de disputa interna, seja em casos como os picos de dengue, ele disse que precisa ser avisado antes e que "não quer ser blindado" pelos ministros, em especial pelos palacianos.

Padilha expôs as conquistas na relação com o Congresso e deu uma cutucada sobre as resistências do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Ele se desentendeu com Padilha. Na fala, Lula teria brincado que o parlamentar fala mal do ministro "de vez em quando". "De vez em quando, não, todo dia", respondeu Padilha, rindo. Lula prometeu, então, mais um "happy hour" entre os dois.

O ministro Ricardo Lewandowski (Justiça) tratou da busca a fugitivos do presídio em Mossoró (RN). Ele passou dados sobre a operação e justificou "a geografia da região" como um dos agravantes. A Segurança Pública é um dos pontos de atenção do governo, onde a gestão é mais mal avaliada, e o ex-ministro Flávio Dino, era o mais criticado.

Lula também cobrou mais ações de Wellington Dias (Desenvolvimento Social). O presidente falou sobre a importância do Bolsa Família, que voltou a apresentar crescimento sob seu governo, mas que quer outras proposições da pasta no combate à miséria.

À ministra Cida Gonçalves (Mulheres), pediu intensificação nas propostas sobre igualdade salarial entre homens e mulheres. Pauta estimulada pela primeira-dama Janja da Silva, Lula disse que quer que este avanço vire "a marca do governo".

Atenção na economia

Nas pesquisas divulgadas, chamou atenção em especial a questão econômica. Segundo a Quaest, o número de brasileiros que entendem que a economia piorou neste governo subiu de 31% em dezembro para 38% em março.

O governo vê a alta no preço dos alimentos como principal causa das críticas e já acionou plano de emergência. Na semana passada, reuniu ministros das áreas de economia e agricultura para entender a questão e trazer prazos: garantiram queda até o mês que vem.

Haddad não foi cobrado. Na sua apresentação, tratou de reforma tributária e deu números de avanço do governo. Rui abriu sua fala na reunião, depois de Lula, com alguns desses dados:

  1. Menor taxa de desemprego desde 2015 (7,8%);
  2. Aumento do salário mínimo acima da inflação depois de cinco anos;
  3. Aumento do valor médio pago pelo Bolsa Família (R$ 680,60), com maior número de pessoas atendidas (55,7 milhões);
  4. Ampliação da Farmácia Popular e do repasse do Fundo Nacional de Saúde a estados e municípios.

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