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OPINIÃO

Reinaldo: Sem regulação, vamos ser governados por 'coronéis' das redes

Colaboração para o UOL

09/05/2024 15h21Atualizada em 09/05/2024 15h28

O colunista Reinaldo Azevedo afirmou no Olha Aqui! desta quinta (9) que a tragédia do Rio Grande do Sul é mais uma prova de que o Brasil precisa urgente de regular as redes sociais para combater e punir os responsáveis pela propagação de informações falsas.

A fake news de fato não é crime, o crime é a consequência dela. É preciso ter responsabilidade nessas coisas, inclusive, quando se fala que o governo recusou ajuda do Uruguai. Não recusou ajuda do Uruguai, recusou alguns veículos que não tinham como se adaptar às circunstâncias brasileiras, foi isso que aconteceu. Isso não é uma recusa. A recusa diz: 'Eu não quero sua ajuda'. Quando diz esse tipo de aeronave ou de lancha não serve para as circunstâncias aqui, não é recusa. O coach Pablo Marçal tem um vídeo dizendo que os mortos do Rio Grande do Sul são pessoas que estão sendo sacrificadas para o demônio em razão do show satânico da Madonna. Parece louco? Mas vai ver o número de seguidores que esse cara tem. Quem espalhou a mentira inicial de que agências federais estavam impedindo a entrega de alimentos, cobrando nota fiscal? O governador Jorginho Melo [SC] pegou um caso de um claro mal-entendido e fez um vídeo acusando a Agência Nacional de Transportes Terrestres [ANTT] de impedir ajuda às pessoas. Chegou-se a um grau de delinquência política-ideológica que é um negócio insano. Reinaldo Azevedo, colunista do UOL

Reinaldo lembrou que as fake news visam o governo federal, mas, no caso do Rio Grande do Sul, quem acaba atingido são as vítimas da catástrofe, corroborando o que disse o ministro da Secretaria de Comunicação Social, Paulo Pimenta. Em entrevista hoje ao UOL, o ministro citou publicação nas redes sociais de dois médicos que acusam a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) de impedir a entrega de medicamentos à população gaúcha.

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Pode bater no PT, no governo Lula, mas, cuidado pra não confundir as coisas. Há um tipo de abordagem que não é o governo que está sendo atingido. Quando você tira a credibilidade de um trabalho de socorro e a motivação inicial é de natureza ideológica, não é o governo que está sofrendo, mas as pessoas. Tem que saber quando o embate é puramente político e quando tem consequências graves, ao deslocar o foco para um mal-entendido, pra uma ocorrência particularíssima, tirando a noção do todo. Há 15 mil homens das Forças Armadas lá, 12 mil propriamente militares e 3 mil trabalhando em associação com as Forças Armadas. Há quase 800 policiais federais e rodoviários federais, num trabalho absolutamente difícil. Tem uma cidade inteira debaixo d'água, não tem nem onde pousar um veículo pra salvar as pessoas. É tudo muito delicado. O Twitter é um esgoto a céu aberto. Vem o Elon Musk e diz que vai dar 100 antenas da Star Link pra ajudar com internet, enquanto o X espalha as indignidades sem qualquer controle. Mais uma vez, vimos isso no golpe de estado, estamos vendo nessa tragédia. Reinaldo Azevedo, colunista do UOL

Ou vamos ter a regulação das redes ou vamos ser administrados - pra usar a expressão da ministra Cármen Lúcia, que vai assumir a presidência do TSE [Tribunal Superior Eleitoral] - por coronéis das redes e pela mentira. Enquanto as pessoas padecem de forma cruel. É um negócio abjeto. Quando dois médicos, como citou o ministro, dizem que a Anvisa está impedindo a entrega de remédios, você pensa que quem lê isso poderia se indagar: 'Ainda que a Anvisa cuidasse disso, por que faria isso?'. Antigamente, quando se contava uma mentira, a nossa grande questão era: 'Será que ele sabe que a gente sabe que ele está mentindo?'. Hoje, nas redes, não existe mais a desconfiança. O governo federal está impedindo a entrega de remédios? Mas, por que ele faria isso? Está recusando a ajuda de países? Com que propósito? É preciso prudência, pudor, preocupação com as pessoas. Há muitos campos pra se opor ao governo Lula, mas, nessas horas, não. Mas não tem mais limite. A crueldade e o absurdo tomam conta. É preciso que essas pessoas sejam punidas. Precisamos de lei, de regulação de rede pra que essas coisas tenham de ser retiradas imediatamente ou, então, que se arque com as consequências legais da responsabilização civil. Reinaldo Azevedo, colunista do UOL

O Olha Aqui! vai ao ar às segundas, quartas e quintas, às 13h.

Onde assistir: Ao vivo na home UOL, UOL no YouTube e Facebook do UOL.

Veja abaixo o programa na íntegra:

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