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Marielle: Conselho de Ética abre processo que pode cassar Chiquinho Brazão

Do UOL, em São Paulo

15/05/2024 14h46Atualizada em 15/05/2024 15h53

O Conselho de Ética da Câmara dos Deputados aprovou hoje a abertura de um processo que pode cassar o deputado federal Chiquinho Brazão (sem partido-RJ), acusado de ser um dos mandantes do assassinato, em 2018, da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes. Brazão nega as acusações.

O que aconteceu

Por 16 votos favoráveis e 1 contrário, o Conselho aprovou a representação que pedia a abertura do processo de cassação. "Declaro aprovado o parecer preliminar pela admissibilidade do processo de cassação", afirmou o presidente do Conselho, deputado Leur Lomanto Junior (União-BA).

O nosso voto é pela admissibilidade da representação com a consequência do feito, notificando o representado para apresentação da defesa no prazo regimental.
Deputada Jack Rocha (PT-ES), relatora

Concluído o processo no Conselho de Ética, o deputado pode recorrer à Comissão de Constituição e Justiça. O colegiado terá cinco dias úteis para votar.

Se passar, a decisão no Conselho de Ética segue para votação em Plenário. Brazão só será cassado se a decisão tiver os votos da maioria absoluta dos deputados (257).

"Sou inocente"

Após a leitura do relatório, Brazão tomou a palavra a partir de uma sala virtual — ele está preso há 52 dias. "Eu sou inocente, continuo alegando que vamos provar a inocência. Se olhar meu mapa eleitoral, vai ver que tenho voto tanto em área de milícia, quanto em de tráfico", disse.

Ele, então, passou a palavra a seu advogado, Cleber Lopes. Segundo Lopes, o Conselho de Ética só deveria julgar Brazão por crimes cometidos como deputado federal. "O fato que o levou à prisão é um homicídio quando ele não era deputado federal", disse Lopes. Na época, Brazão era vereador no Rio de Janeiro.

Ele também afirmou que a representação do PSOL não tem provas. "Nesse processo só existe uma peça com uma narração sem nenhum documento. Qual é a perícia, informação que dá sustentação [ao processo]?", questionou.

O advogado também negou "animosidades" entre Marielle e Brazão. Ele afirmou que a "narrativa" é "uma criação mental" e pediu o arquivamento da representação.

A prisão

O deputado está preso preventivamente desde 24 de março, quando foi deflagrada uma operação para prender os suspeitos. Na ocasião também foi preso o irmão dele, Domingos Brazão, conselheiro do TCE (Tribunal de Contas do Estado) do Rio, e o ex-chefe de Polícia Civil do Rio Rivaldo Barbosa. Eles também negam as acusações.

Na semana passada, Brazão foi denunciado por homicídio e organização criminosa. No dia 9, outros dois foram presos: Robson Calixto da Fonseca, ex-assessor do TCE, e o PM Ronald Paulo Alves Pereira, suspeito de já ter chefiado uma milícia na zona oeste do Rio.

O homicídio foi motivado por interesse em grilar terras por milícias, segundo a PF. Conforme o relatório da Polícia Federal, Marielle estaria "atrapalhando os interesses dos irmãos" ao tentar impedir loteamentos em Jacarepaguá, reduto eleitoral dos Brazão, afirmou em delação o ex-policial militar Ronnie Lessa.

A vereadora Marielle Franco durante discurso na Câmara Municipal do Rio Imagem: Divulgação-6.set.2017/Câmara Municipal do RJ

* com Estadão Conteúdo

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