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Brazão procurou Paes, presidente da Alerj e Cunha antes de prisão, diz PF

Domingos Brazão, conselheiro do TCE-RJ, é suspeito de mandar matar a vereadora Marielle Franco Imagem: Reprodução/TV Globo

Redação UOL

23/05/2024 18h26

Um dia antes de ser preso por suspeita de mandar matar a vereadora Marielle Franco (PSOL), Domingos Brazão procurou diversos políticos pelo celular, incluindo o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), o presidente da Alerj, Rodrigo Bacellar (União Brasil), e o ex-deputado federal Eduardo Cunha.

O que aconteceu

Polícia Federal analisou mensagens no celular de Brazão da véspera da operação que o prendeu. O conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro também procurou o vereador Waldir Brazão e o deputado estadual Thiago Rangel (PMB).

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A partir das mensagens, a PF reconstituiu como teria sido parte do dia 23 de março do conselheiro, um sábado. A análise faz parte do relatório da Operação Murder Inc, que prendeu os suspeitos de mandar matar Marielle, encaminhado nesta quinta-feira (23) ao STF (Supremo Tribunal Federal).

De acordo com o relatório, Brazão disparou mensagens citando notícias do caso. Na época, a imprensa já havia divulgado que seu nome era um dos delatados por Ronnie Lessa, o ex-PM apontado como autor dos assassinatos de Marielle e seu motorista, Anderson Gomes.

Paes não respondeu as mensagens, diz PF. Os investigadores constataram que Brazão procurou diversos políticos. Sem deixar claro o conteúdo das conversas, o relatório destaca apenas que o prefeito do Rio não retornou a tentativa de contato.

"Para Bacellar, Eduardo Cunha e posteriormente para Chiquinho Brazão, Domingos também encaminha diversas notícias jornalísticas acerca do caso Marielle e Anderson. Não é possível extrair de tais recortes eventual tentativa de embaraçar as investigações em andamento naquele momento.
Relatório da PF, assinado pelo delegado Guilhermo de Paula Catramby

Dois dias antes da prisão, Brazão também teria procurado o primeiro delegado a investigar o caso Marielle. Giniton Lages também é suspeito de envolvimento na trama. A PF cita trecho do depoimento dele no âmbito da Operação Murder Inc:

Chamou a atenção da equipe de investigação que o delegado Giniton Lages, também alvo de medidas cautelares
em seu desfavor, relatou à equipe projetada que tinha sido procurado, nesse período, por um delegado de Polícia Civil intermediário de Domingos para falarem com urgência, o que teria sido repelido, conforme recorte do Relatório Compilado das Atividades outrora apresentado.

Relatório da PF

Delegado deixou caso sem resolução. Giniton foi designado para a investigação por Rivaldo Barbosa, o chefe da Polícia Civil na época da morte de Marielle. Barbosa teria combinado o assassinato com os irmãos Brazão, garantindo que o caso não fosse esclarecido, segundo a PF. Suspeito de agir para desviar o curso das investigações, Giniton chegou a escrever um livro sobre a morte da vereadora.

Na véspera da prisão, Brazão organizou almoço com ex-assessor e advogado. De acordo com os investigadores, no restaurante Casanova, em Niterói (RJ), ele se reuniu com seu ex-assessor Robson Calixto, também suspeito de envolvimento no assassinato. Ele teria intermediado o contato da família Brazão com milicianos de Rio das Pedras. Outros presentes eram o advogado e procurador da Alerj Rodrigo Lopes Lourenço e um interlocutor identificado pela PF somente como "Kelvin".

Mensagens por celular. Foi nesse encontro que Brazão, um dos mais poderosos nomes da política fluminense, disparou as mensagens para alguns dos mais importantes políticos do estado. O episódio, revelado pela primeira vez neste relatório da PF, ilustra o momento vivido pelo chefe do clã, que está preso desde 24 de março.

PF relatou dificuldade em recuperar conteúdo do celular do conselheiro. As tentativas de contato com diferentes políticos foram algumas das poucas mensagens que os investigadores conseguiram recuperar do aparelho.

Os Brazão negam autoria do crime. Domingos Brazão e seu irmão, o deputado federal Chiquinho Brazão, que também está preso, negam participação nos assassinatos.

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