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Barroso sobre IA: 'Preocupa alguém me colocar dizendo o que nunca disse'

Do UOL, em Brasília

23/06/2024 13h27

O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Luís Roberto Barroso, listou neste domingo (23) alguns benefícios da Inteligência Artificial, mas demonstrou preocupação com o uso da tecnologia na disseminação de fake news.

O que aconteceu

Barroso participou de um painel sobre inteligência artificial no Brazil Fórum UK, no Reino Unido. O ministro da Corte ponderou que a "massificação da desinformação" com o uso de inteligência artificial pode trazer riscos à sociedade.

Há o risco da massificação da desinformação, e essa preocupação, do ponto de vista de um juiz preocupado com a democracia, é uma das principais preocupações, o uso das fake news e da deepfake, alguém me colocar aqui dizendo coisas que eu nunca disse, sem que seja possível identificar a distinção e o real.
Luís Roberto Barroso, presidente do STF

Na avaliação de Barroso, a inteligência artificial pode ter impacto no mercado de trabalho com a extinção de algumas profissões. "Vai ter um gap [intervalo]. O motorista de ônibus não vai virar programador da noite para o dia", afirmou.

O ministrou também demonstrou preocupação com o uso da IA para fins bélicos. Além disso, Barroso citou o risco de a tecnologia reforçar a discriminação algorítmica.

Barroso, por outro lado, elencou benefícios que a inteligência artificial pode trazer para a sociedade:

  • melhor capacidade de tomar decisões pela agilidade no processamento de dados;
  • automação de atividades desgastantes para seres humanos;
  • geração de conteúdos, como imagens, textos e sons;
  • medicina diagnóstica e exames de imagens.

Inteligência artificial no Judiciário

Para Barroso, a IA é uma "linha auxiliar" que pode trazer proveitos ao Poder Judiciário. O ministro afirmou que a tecnologia pode ser benéfica em termos de celeridade, eficiência e isonomia, mas lembrou que não tira o papel do "juiz responsável".

Eu vejo, sem muito preconceito, essa ascensão da IA também no processo decisório desde que exista um juízo humano responsável, porque juízes não são eleitos. O que dá legitimidade à decisão de um juiz é a sua capacidade de, racionalmente, demonstrar que aquela solução é justa e constitucionalmente adequada e deste dever ele não se desobriga mesmo que a decisão seja tomada por um processo de IA.
Luís Roberto Barroso, presidente do STF

O ministro afirmou ainda ter esperança de que a IA consiga derrotar preconceitos e discriminações dos humanos com a programação adequada.

Eu tenho uma certa expectativa real, vivendo no mundo real, juízes, como todas as pessoas humanas, têm opiniões, preconceitos, têm ideologia, não no sentido de esquerda, de direita, mas de saber a sua visão do que é certo, bem, o que é legítimo, juízes têm interesses, podem sofrer pressões políticas, a IA você pode programar para evitar isso.
Luís Roberto Barroso, presidente do STF

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