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OPINIÃO

Quero mais mulheres e negros no governo, mas é difícil achar, diz Lula

Do UOL, em São Paulo

26/06/2024 11h00Atualizada em 27/06/2024 17h38

O presidente Lula (PT) afirmou em entrevista ao UOL nesta quarta-feira (26) que gostaria de colocar mais mulheres e negros no governo, mas que "é difícil encontrar".

O que aconteceu

Lula disse que enfrenta dificuldade por esses grupos não terem "participação histórica política contundente". "Esse é um problema meu crônico, que eu discuto todo dia com a [a primeira-dama] Janja. Como a mulher não teve uma participação ativa durante muito tempo, fica mais difícil você encontrar mulher para determinados cargos, e também fica mais difícil você encontrar negros para determinados cargos", afirmou o presidente.

Não é que não tenha [mulheres e negros]. É que a oferta é menor na medida em que, embora sejam a maioria da população, [mulheres e negros] não tiveram uma participação política histórica mais contundente. Eu quero mais mulheres no governo. Eu preciso de mais negros no governo. Eu preciso que o governo tenha a cara do Brasil.
Presidente Lula, ao UOL

Lula é criticado pela pouca representatividade do governo e por não ter indicado mulheres para o STF. Nas duas oportunidades que teve para indicar novos integrantes da Suprema Corte, o presidente escolheu homens: seu ex-advogado Cristiano Zanin e Flávio Dino, que comandou o Ministério da Justiça e Segurança Pública.

Atualmente, o ministério de Lula tem nove mulheres: Luciana Santos (Ciência, Tecnologia e Inovação), Margareth Menezes (Cultura), Esther Dweck (Gestão e Inovação em Serviços Públicos), Anielle Franco (Igualdade Racial), Marina Silva (Meio Ambiente e Mudanças Climáticas), Cida Gonçalves (Mulheres), Simone Tebet (Planejamento e Orçamento), Sônia Guajajara (Povos Indígenas) e Nísia Trindade (Saúde). Já as pastas, secretarias e órgãos com status de Ministério chefiados por homens são 30.

Na proporção racial, dez ministros se declaram pretos ou pardos ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral): Margareth, Anielle, Marina, Luciana, Silvio Almeida (Direitos Humanos), Rui Costa (Casa Civil), Wellington Dias (Desenvolvimento Social), Carlos Lupi (Previdência Social), Waldez Góes (Integração e Desenvolvimento Regional) e Juscelino Filho (Comunicações). Há apenas uma ministra indígena (Sônia Guajajara).

"Mulher é agente política"

Apesar de dizer que é "difícil" encontrar mulheres para os cargos do alto escalão, Lula defendeu a participação feminina na política. Ele elogiou os protestos contra o projeto de lei que equipara a pena do aborto após a 22ª semana de gestação à do homicídio e disse que a mulher não é mais "objeto de mesa e cama".

O presidente se disse feliz por ter visto que as mulheres foram para a rua protestar. Novamente, afirmou ser contra o aborto, mas declarou que essa é uma questão de saúde pública. Ele chamou o projeto discutido na Câmara de "carnificina contra mulheres".

Ainda bem que a sociedade se manifestou, ainda bem que as mulheres estão indo para a rua. Esse é um dado importante: mulher tem que ir para a rua, não é mais um objeto de mesa e cama em lugar nenhum do Brasil, mulher é agente política, não quer apenas tomar conta da casa, ela também quer trabalhar fora, ela quer ser cidadã plena.
presidente Lula, ao UOL

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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