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Alvo da PF é secretário de Castro e encontrou Bolsonaro há uma semana

Do UOL, em São Paulo

04/07/2024 09h57Atualizada em 04/07/2024 11h57

Alvo da Polícia Federal por suspeita de participar na falsificação do cartão de vacina de Jair Bolsonaro (PL), o secretário de Mobilidade Urbana do Estado do Rio, Washington Reis (MDB), se encontrou com o ex-presidente há uma semana em Brasília.

O que aconteceu

Reis foi à capital federal se encontrar com Bolsonaro na quarta-feira da semana passada (26). Além de Bolsonaro e Reis, estavam presentes o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL).

A reunião serviu para pedir apoio do ex-presidente nas eleições deste ano. O secretário, que é ex-prefeito de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, buscava apoio a seu sobrinho e afilhado político, Netinho Reis (MDB), pré-candidato a prefeito da cidade.

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Aliados discutiram a estratégia de campanha. Ficou acertado que um dos primeiros atos seria uma caminhada do candidato ao lado de Bolsonaro no calçadão de Caxias, ainda este mês.

No início de junho, Flávio já havia confirmado o apoio. O senador disse no dia 8 que o apoio da família Reis na região "rendeu a Jair Bolsonaro 60% dos votos na cidade nas últimas eleições presidenciais". "Nossa família está com Netinho Reis", afirmou.

Velhos conhecidos

Reis é velho conhecido do ex-presidente. Ele apoiou a candidatura de Bolsonaro em 2018. Naquele ano, Bolsonaro foi à inauguração de um colégio militar em Duque de Caxias, quando Washington Reis era prefeito. Já presidente, ele recebeu integrantes da família Reis em seu gabinete.

A fidelidade de Reis foi testada durante a pandemia de covid-19. O então prefeito descumpriu decisões judiciais que obrigavam a cidade a respeitar o Plano Nacional de Imunização na campanha de vacinação. Na ocasião, Bolsonaro fazia campanha contra a vacina e recomendava tratamento com remédios sem comprovação científica para a doença.

Reis confirmou apoio na eleição de 2022. Ele foi um dos membros do MDB a abrir dissidência contra a candidata à presidência do partido, Simone Tebet, hoje ministra do Planejamento de Lula.

Reis já apoiou Dilma Rousseff (PT). Embora tenha feito campanha por Dilma em 2014, foi dele o primeiro voto pelo impeachment dela em 2016. "Voto sim!", bradou o deputado, aplaudido pelos parlamentares pró-impeachment.

O UOL procurou a assessoria de Bolsonaro, mas não recebeu um posicionamento até a publicação desta reportagem. O governo do Rio disse em nota que "não existe nada referente ao Governo do Rio na investigação e nem fatos que comprometam a conduta do secretário Washington Reis". A operação da PF, continua a nota, tinha como alvo "único e exclusivo a obtenção de cartões de vacinação relacionados ao município de Duque de Caxias em 2022".

Já a Prefeitura de Duque de Caxias afirmou que a segunda fase da operação não mirou a cidade. "Com relação aos mandados dirigidos a pessoas físicas, a prefeitura não se manifestará considerando o sigilo que recobre os atos nesta manhã realizados", disse em nota.

Em nota, Reis atribuiu as suspeitas a "covardias" de ano eleitoral e polarização. "Como figura pública com mais de 32 anos de atuação política, estou ciente dos desafios enfrentados pelo nosso país em meio a uma polarização política intensa", afirmou em nota. "Agradeço a todos pelas mensagens de apoio e carinho."

O ano de eleições traz consigo muitas tensões e, infelizmente, também covardias.
Washington Reis, em nota

Quase foi vice de Castro

Cláudio Castro reza ao lado da mulher, Analine, e de seu então vice, Washington Reis Imagem: Reprodução/ Instagram

Em 2022, Reis precisou renunciar ao cargo de vice-governador na chapa de reeleição de Cláudio Castro. O Tribunal Regional Eleitoral indeferiu por unanimidade a candidatura de Reis, que estava inelegível.

O hoje secretário foi enquadrado na lei da Filha Limpa por crime ambiental e loteamento irregular em Duque de Caxias.

Em setembro daquele ano Reis também foi alvo da PF. Ele era investigado por desvios na saúde de Duque de Caxias. Segundo a CGU (Controladoria Geral da União), ele direcionou uma licitação em favorecimento da instituição contratada para os serviços.

Durante a ação, um fuzil foi apreendido na casa do ex-prefeito. A arma estava "acautelada oficialmente, protocolada e legalizada junto à Polícia Militar", disse ele na época, que também negou irregularidades na saúde local.

Em nota, Reis afirmou que pensou na população. "Enfrentei críticas e fui processado por não adotar medidas de 'fechamento' da cidade e por não estocar vacinas, pensando sempre na população", afirmou.

Investimos na aquisição de um hospital dedicado ao tratamento de pacientes com COVID-19 (Hospital São José), salvando milhares de vidas, não apenas nossa cidade, mas todo o estado. Tornamo-nos uma referência nacional e lideramos a vacinação proporcionalmente.
Washington Reis, em nota

Cartão de vacinação

Reis e a atual secretária de Saúde do município, Célia Serrano, foram alvo da PF nesta quinta (4). O cumprimento de mandados de busca e apreensão tenta aprofundar a investigação de fraudes em certificados de vacina contra a covid-19, que teria beneficiado Bolsonaro.

O sistema do Ministério da Saúde indica que 2 doses de vacinas contra a covid foram aplicadas em Bolsonaro. Segundo o sistema, as datas indicam doses em em 13 de agosto e 14 de outubro de 2022, em Duque de Caxias.

Esses dados, porém, foram inseridos apenas em 21 de dezembro. Segundo a PF, os dados foram incluídos pelo então secretário municipal de governo de Caxias, João Carlos de Sousa Brecha, e removidos seis dias depois por Claudia Helena Acosta Rodrigues da Silva.

Essa suposta falsificação teria como objetivo facilitar a entrada de Bolsonaro nos Estados Unidos. O presidente, então, deixou o país no penúltimo dia de mandato.

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