Congresso fará 'quase nada' sobre Abin paralela, diz senador espionado
Colaboração para o UOL, em São Paulo
11/07/2024 19h08Atualizada em 11/07/2024 21h22
O Congresso Nacional — Câmara dos Deputados e Senado Federal — fará "muito pouco ou quase nada" em relação à Abin paralela, afirmou um dos senadores espionados no aparelhamento do órgão, Alessandro Vieira (MDB-SE), durante entrevista ao UOL News 2ª Edição desta quinta-feira (11).
A Abin paralela seria um suposto esquema de espionagem que mirava de políticos opositores até aliados do governo Jair Bolsonaro (PL), que deixou a Presidência em 2022. Mesmo espionado, Vieira não vê muita saída, a não ser firmeza da PGR (Procuradoria-Geral da República), que foi contra prisão de envolvidos.
Imagino que o único caminho disponível é cobrar firmeza e celeridade da PGR. Não consigo encontrar um caminho legislativo para isso. Uma CPI acho que não seria produtivo. Alessandro Vieira, senador (MDB-SE)
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[O que tem que fazer] É cobrar que aqueles que têm o papel constitucional o exerçam. A gente já viu o mal que faz você ter um PGR que não tem equilíbrio e um que tem uma acomodação ao poder, como foi o caso do Augusto Aras. O que a gente espera de Paulo Gonet é que ele cumpra a sua missão. Uma missão espinhosa, mas que está muito bem desenhada na Constituição. Alessandro Vieira, senador (MDB-SE)
No mundo real, o Congresso vai fazer muito pouco ou quase nada [em relação a Abin paralela]. Primeiro, porque realmente não tem muito o que possam fazer. Segundo, as medidas de cortar na própria carne, não são medidas populares do Congresso. Alessandro Vieira, senador (MDB-SE)
Espionagem da Abin é fruto da inércia de Aras e abusos de Moraes, diz senador
Alessandro Vieira (MDB-SE) disse na entrevista ao UOL News que a suposta espionagem dentro da Agência Brasileira de Inteligência nasceu da inércia do ex-procurador-geral da República, Augusto Aras, e dos "abusos e avanços" do Supremo Tribunal Federal com atuação do ministro Alexandre de Moraes.
Augusto Aras tem participação direta em toda essa confusão. A inércia, a falta de iniciativa do PGR que constitucionalmente exerce uma série de prerrogativas, acabou levando para esse quadro, na minha visão, de abusos e avanços por parte do Supremo Tribunal Federal, que tem a obrigação de ser inerte. Quem tinha obrigação de trabalhar não trabalhava, quem tinha que ser inerte tentou trabalhar de forma atabalhoada. E a gente chega nesse estado de confusão. Alessandro Vieira, senador (MDB-SE)
Isso tudo junto vai minando a democracia, vai minando a credibilidade das instituições. O atual PGR, o procurador Gonet, tem um histórico longo garantista, então não tenho as informações completas para poder avaliar quais são os motivos pelos quais ele se manifestou contrariamente à prisão. Alessandro Vieira, senador (MDB-SE)
O senador afirmou que mesmo sendo vítima do suposto esquema de espionagem, isso não significa que ele vai exigir prisão a qualquer custo dos envolvidos.
Sabemos que a prisão nessa modalidade tem uma série de requisitos. Não tenho como afirmar que os requisitos estavam presentes. O fato de ser vítima não me dá o direito de querer que as pessoas sejam presas de qualquer jeito. A Justiça não deve servir para vingança. Alessandro Vieira, senador (MDB-SE)
O vazamento é parcial, é seletivo. Não tenho fatos, por exemplo, que me apontem o que essas pessoas estão fazendo agora. Elas continuam persistindo na estrutura criminosa de desinformação, de ataque à honra das pessoas? (...) Vejo, infelizmente, que nós temos um atropelo hoje por parte, especialmente, do ministro Alexandre de Moraes. Esse apelo vai quase que numa linha de vingança, de retaliação, de evitar a continuidade do crime pela repressão dura, extremamente rigorosa. Não consigo encontrar laço constitucional para isso. Alessandro Vieira, senador (MDB-SE)
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