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Ciúme e violência: quem é deputado acusado de agressões por influenciadora?

Lucas Bove, deputado estadual de São Paulo pelo PL, foi acusado de agressão pela ex-mulher Imagem: Reprodução/Instagram

Do UOL, em São Paulo

12/10/2024 05h30

O deputado estadual Lucas Bove (PL-SP) está sendo acusado de violência física e psicológica pela ex-mulher, a influenciadora Cintia Chagas. Em setembro, ela registrou um boletim de ocorrência com base na Lei Maria da Penha e conseguiu uma medida protetiva contra o ex-marido.

Quem é Lucas Bove?

Bove foi eleito a deputado estadual em 2022 com 0,56% dos votos válidos. No total, Bove recebeu 130.451 votos. Ele foi eleito devido ao número de votos que o PL recebeu nas eleições. O quociente partidário é o que determina o número de vagas que cada partido terá direito. De acordo com a mesma resolução do TSE, o número "é determinado pela divisão da quantidade de votos válidos dados sob o mesmo partido político ou federação pelo quociente eleitoral".

Ele é formado em administração e comércio exterior pelo Mackenzie. Além disso, tem especialização em finanças pelo Insper. Já atuou como empresário na construção civil e é vice-líder do PL na Alesp, segundo biografia.

Entre as bandeiras levantadas pelo deputado estão a tolerância zero no combate à criminalidade e apoio ao agronegócio. Ele também cita defesa de políticas pró-mercado, garantia das liberdades individuais e mudanças na educação, "retirando questões ideológicas das salas de aula e equiparando a qualidade do ensino do Estado de São Paulo ao volume de seu PIB", diz biografia.

Foi autor de proposta de lei que autoriza o uso de arma de fogo por agente de segurança pública aposentado. A PL 566/2023 é de coautoria com Gil Diniz (PL-SP). O projeto ainda está em tramitação.

E de proposta que sugere anistia a produtores rurais em relação aos incêndios de agosto de 2024. Ele é coautor da PL 620/2024, que também está em tramitação. A proposta "visa conceder anistia aos proprietários e produtores rurais multados ou que venham a ser multados em decorrência das queimadas ocorridas no Estado de São Paulo durante o mês de agosto", diz documento. Segundo a proposta, a anistia não seria concedida àqueles que tivessem comprovação de que o incêndio foi planejado.

Em 2021, Bove fez uma campanha sobre violência contra mulher, incentivando o apoio a "projetos que endureçam pena aos agressores". Em vídeo publicado no YouTube, o deputado falou sobre o aumento de casos de agressões contra as mulheres no contexto da pandemia da covid-19. "Toda a frustração, insegurança e medo do futuro faz com que esses supostos homens descontem em suas mulheres aquelas que eles deveriam amar e proteger. Na história, a função masculina sempre foi muito clara: cabe ao homem a função de se expor ao risco da caça, prover o alimento e a proteção de sua família. E hoje a gente vê uma perda dessas características naturais. Homens passando a representar o próprio perigo para as suas companheiras", disse em campanha, que determina a mulher como sendo "frágil".

Agressão

A influenciadora foi à delegacia em 4 de setembro, onde registrou violência psicológica e ameaça. Cíntia relatou um relacionamento abusivo, com ciúmes, possessividade e necessidade de controle do político. Splash teve acesso ao documento.

A palestrante disse à polícia que ex-marido constantemente pedia informações sobre sua localização. Segundo ela, Lucas pedia fotos, ligações de vídeo, notas de hotel, entre outras provas.

Cíntia também relatou que o deputado era extremamente ciumento. E por diversas vezes a xingava com nomes de baixo calão. Conforme informado no boletim de ocorrência, ele a teria proibido de frequentar a academia, por exemplo.

Entre as agressões físicas, Lucas teria jogado uma garrafa de água e uma faca na direção de Cíntia. A violência também teria sido patrimonial, com o deputado expulsando a ex-mulher de casa e a impedindo de resgatar alguns itens pessoais. Ele ainda teria tentando obrigá-la a assinar um contrato após o fim da união.

A Justiça de São Paulo deferiu o pedido de medida protetiva feito pela influenciadora. Lucas deve ficar, no mínimo, a 300 m de distância de Cíntia, não pode contatá-la por qualquer meio de comunicação e nem a mencionar nas redes sociais.

Na noite de quarta-feira (9), o deputado publicou apenas "João 8:32". O versículo bíblico diz: "E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará". Mais tarde, ele se pronunciou sobre o caso e afirmou que sua suposta inocência será provada. "Já vimos diversas condenações nos tribunais da internet serem revertidas depois, mas as consequências na vida das pessoas muitas das vezes são irreversíveis. Sigo trabalhando, agradecendo as mensagens de apoio e suportando as mais pesadas críticas que venho recebendo na certeza de que, no final, a Justiça será feita e o bem e a verdade prevalecerão".

Ao presenciar agressão contra mulheres, ligue para 180 e denuncie

Casos de violência doméstica são, na maior parte das vezes, cometidos por parceiros ou ex-companheiros das mulheres, mas a Lei Maria da Penha também pode ser aplicada em agressões cometidas por familiares.

Também é possível realizar denúncias pelo número 180 — a Central de Atendimento à Mulher, que funciona em todo o país e no exterior, 24 horas por dia. A ligação é gratuita. O serviço recebe denúncias, dá orientação de especialistas e faz encaminhamento para serviços de proteção e auxílio psicológico. O contato também pode ser feito pelo WhatsApp no número (61) 99656-5008.

A denúncia também pode ser feita pelo Disque 100, que apura violações aos direitos humanos.

Há ainda o aplicativo Direitos Humanos Brasil e a página da Ouvidoria Nacional de Diretos Humanos (ONDH) do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH). Vítimas de violência doméstica podem fazer a denúncia em até seis meses.

Caso esteja se sentindo em risco, a vítima pode solicitar uma medida protetiva de urgência.

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