Gleisi diz que Padilha ofende PT e cita 'preço' por governo de coalizão
A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, fez uma crítica pública nesta segunda-feira (28) ao ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, após o colega de partido comparar o desempenho da sigla nas eleições municipais de 2024 ao de times na zona de rebaixamento.
O que aconteceu
Gleisi disse que Padilha "ofende" o PT e pediu "respeito" ao partido. "Ofender o partido, fazendo graça, e diminuir nosso esforço nacional não contribui para alterar essa correlação de forças. (...) Mais respeito com o partido que lutou por Lula Livre e Lula Presidente, quando poucos acreditavam", afirmou Gleisi em publicação no X (antigo Twitter) nesta segunda-feira (28).
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A presidente nacional do PT declarou ainda que o PT "paga o preço" por fazer um governo de "ampla coalizão". "Temos de refrescar a memória do ministro Padilha, o que aconteceu conosco desde 2016 e a base de centro e direita do Congresso que se reproduz nas eleições municipais, que ele bem conhece. Pagamos o preço, como partido, de estar num governo de ampla coalizão. E estamos numa ofensiva da extrema direita", citou Gleisi.
Gleisi reagiu a uma fala de Padilha, que comparou o desempenho do PT este ano ao de times na zona de rebaixamento. O ministro ressaltou que o partido teve um saldo melhor em 2024, mas colhe resultados ruins desde 2016. "O PT é o campeão nacional das eleições presidenciais, mas, na minha avaliação, não saiu ainda do Z4 que entrou em 2016, nas eleições municipais. Então, teve conquistas importantes, a eleição na capital, elegeu cidades importantes neste 2º turno, mas ainda tem um esforço de recuperação", analisou o ministro nesta segunda, em entrevista coletiva.
Gleisi ainda cutucou Padilha ao sugerir que o ministro, responsável pela articulação política do governo, tem participação nos resultados eleitorais. "Padilha devia focar nas articulações políticas do governo, de sua responsabilidade, que ajudaram a chegar a esses resultados", recomendou.
Mais cedo, Gleisi admitiu que o partido tinha expectativas de resultados melhores nas eleições municipais. "É óbvio que, por ter a Presidência da República, havia uma expectativa de o PT ter números maiores do que teve", disse após reunião na sede do diretório nacional do PT, em Brasília, para discutir o desempenho petista no pleito.
Para ela, não há uma relação entre o resultado deste pleito com as eleições nacionais. "Isso mostra que ter o governo federal necessariamente não quer dizer que você vai ter vitórias nas eleições municipais, assim como ter a maioria dos prefeitos nos municípios não significa que você vai ser derrotado nas eleições nacionais", declarou.
Partido elegeu 252 prefeitos, 69 a mais do que em 2020, e voltará a governar uma capital. No segundo turno, o PT disputou eleições em 13 municípios e venceu em quatro: Fortaleza, Camaçari (BA), Pelotas (RS) e Mauá (SP). Apesar do aumento em relação há quatro anos, o resultado representa uma queda para o número atual de prefeitos da sigla.
Nas últimas eleições, a legenda conquistou 183 prefeituras, mas nenhuma capital, pela primeira vez na história. Com a eleição do presidente Lula (PT) em 2022, o número subiu para 265 na janela eleitoral deste ano, com prefeitos que migraram para a sigla.