Com apenas uma capital, resultado das eleições de 2024 frustra PT
O PT ganhou apenas 4 das 13 cidades que disputou neste segundo turno. Com isso, o partido sobe para 252 prefeituras.
O que aconteceu
O número é um aumento em relação a 2020, mas uma queda para o número atual. Nas últimas eleições, o partido conquistou 183 prefeituras, mas nenhuma capital, pela primeira vez na história. Com a eleição do presidente Lula (PT) em 2022, o número subiu para 265 na janela eleitoral deste ano, com prefeitos que migraram para a sigla.
Neste ano, o partido conquistou apenas uma capital. Ganhou em Fortaleza, com Evandro Leitão, na disputa mais acirrada entre as capitais — a diferença entre Leitão e André Fernandes (PL) foi de pouco mais de 10 mil votos.
Também aumentou o número de cidades médias. O partido ganhou em 6 das 103 cidades com mais de 200 mil eleitores, que têm segundo turno. Atualmente, são apenas quatro.
Como no primeiro turno, o resultado é um avanço, mas está aquém do esperado. O partido já avaliava que não conseguiria barrar a onda de centro-direita que se anunciava, mas tinha a expectativa de um pouco mais de pontos vermelhos no mapa eleitoral.
Apenas uma capital
Fortaleza foi a única capital com vitória — e a mais disputada. Com uma diferença de menos de seis pontos percentuais para André Fernandes (PL), ele e Evandro Leitão (PT) passaram a disputar os votos do PDT, do prefeito José Sarto, já que estava dado que a maioria dos votos do bolsonarista Capitão Wagner (União) iria para o PL. Com resultado indefinido até o fim da apuração, o petista levou a melhor, com 50,38%.
A deputada Natália Bonavides (PT) se tornou a esperança do partido no segundo turno em Natal. Tanto que Lula finalmente foi à cidade, em um comício junto à popular governadora Fátima Bezerra (PT). Não deu certo: Bonavides cresceu, mas foi derrotada pelo deputado Paulinho Freire (União), com 55,34%.
Já o deputado estadual Lúdio Cabral (PT) foi grande surpresa positiva do PT para o segundo turno. No sábado (26), véspera da votação, ele aparecia tecnicamente empatado com o deputado Abílio Brunini (PL) em Cuiabá, mas acabou derrotado. Capital conservadora, onde o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ganhou com folga em 2022, elegeu o bolsonarista com 53,80%.
A derrota em Porto Alegre não foi tão surpreendente. O prefeito Sebastião Melo (MDB) quase foi eleito no primeiro turno, com 49,72%, e nem o apoio da deputada Juliana Brizola (PDT), terceira colocada, à colega Maria do Rosário (PT) resolveu. Ele foi reeleito com 61,53%.
Onde venceu
O PT conseguiu manter Mauá (SP), agora única cidade que lhe resta no ABC paulista. O prefeito Marcelo Oliveira, que foi votar com Lula durante o primeiro turno, foi reeleito com 54,05%.
Pelotas (RS) teve a única vitória petista do Rio Grande do Sul. O ex-prefeito Fernando Marroni (PT) já tinha levado vantagem sobre o empresário Marciano Perondi (PL) no primeiro turno e venceu neste domingo numa disputa acirrada, com 50,36%.
A vitória do ex-prefeito Luiz Caetano (PT) em Camaçari reforçou a força do grupo petista na Bahia. Com apoio presencial de Lula, o petista venceu o vereador Flávio Matos (União) por 50,92% dos votos. A cidade teve um dos primeiros turnos mais disputados do país: Caetano, prefeito por três mandatos, passou à frente com 49,52% dos votos — uma diferença de apenas 559 votos (0,35%) sobre Flávio. Só foi definido que haveria segundo turno nas últimas urnas apuradas.
As derrotas
Entre as cidades médias, o principal revés foi em Diadema (SP). O partido esperava manter a cidade — maior entre as duas únicas do ABC que já governava— e pediu para Lula dar uma força ao prefeito José Fillipi, depois dele sair atrás do empresário Taka Yamauchi (MDB) no primeiro turno. Lula fez um comício com o candidato, depois de ter cancelado uma agenda na primeira etapa, mas não adiantou: Fillipi foi derrotado por 52,59%.
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Quero receberEm Olinda (PE), o vereador Vinicius Castello (PT) levou uma virada. Mirella Almeida (PSD), ex-secretária do prefeito Professor Lupércio (PSD) e nome da governadora Raquel Lyra (PSDB), reverteu a vantagem de quase nove pontos percentuais e foi eleita com 51,38%. Apesar do crescimento de Castello, o movimento não foi uma surpresa para o partido, que, além de já ser apontado nas pesquisas, esperava a transferência de votos da terceira colocada, Izabel Urquiza (PL), para Mirella.
Em Anápolis, o ex-prefeito Antônio Gomide (PT) liderou as pesquisas em grande parte do primeiro turno, mas foi superado pelo ex-deputado Márcio Côrrea (PL), que quase levou com 49,59%. No segundo, o candidato do PL consolidou a vitória com 58,56%. Ex-MDB, Côrrea assumiu a Câmara dos Deputados como suplente. Passou para o PL neste ano, para concorrer à prefeitura como candidato de Bolsonaro, que foi à cidade, durante um tour por Goiás neste domingo.
A derrota de Waldemir Catanho (PT) em Caucaia (CE) foi também uma derrota do governador Elmano de Freitas (PT). Catanho foi seu secretário de Articulação Política e lançado pessoalmente por ele à prefeitura. Lula chegou a considerar ir à cidade na região metropolitana de Fortaleza, mas acabou não se consolidando —segundo aliados, por causa do mau resultado nas pesquisas. O ex-prefeito Naumi Amorim (PSD) foi reeleito com 60,40%.
Em Santa Maria (RS), o deputado estadual Valdeci Oliveira (PT) levou uma virada para o vice-prefeito Rodrigo Decimo (PSDB). Ex-prefeito e atual presidente da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, Valdeci registrou uma diferença de 14 pontos percentuais no primeiro turno, mas acabou derrotado — Decimo teve 54,5% dos votos. O revés era cogitado, apesar da vantagem. Além de ser o nome do prefeito Jorge Pozzobom (PSDB) e do governador Eduardo Leite (PSDB), já se estimava que ele ia contar com os votos da terceira colocada, a bolsonarista Roberta Leitão (PL).
O partido também perdeu em Sumaré (SP). O vereador Willian Souza (PT) perdeu para o ex-deputado Henrique do Paraíso (Republicanos), que teve 58,22% dos votos.
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