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Brasileiro delegado da Polícia Federal é eleito para comandar Interpol

Do UOL, em São Paulo

05/11/2024 08h05Atualizada em 05/11/2024 19h33

O delegado da Polícia Federal Valdecy Urquiza, 43, foi escolhido na manhã desta terça-feira (5) para ser o próximo secretário-geral da Interpol. É o mais alto posto executivo do órgão.

O que aconteceu

Urquiza é o primeiro brasileiro a comandar a maior organização policial do mundo. Ele assume o posto nesta quinta-feira (7). O cargo tem prazo de cinco anos. Ele substituirá o atual secretário-geral, Jürgen Stock, da Alemanha.

A votação que elegeu Urquiza como secretário-geral ocorreu durante a 92ª Assembleia Geral da Interpol, em Glasgow, no Reino Unido. O evento ocorreu com a presença de representantes de cerca de 150 países, com cerca de mil participantes, incluindo ministros, secretários de Estado e chefes de polícia.

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O secretário-geral é responsável pela supervisão das atividades policiais. Ele é quem coordena bancos de dados e serviços que a Interpol fornece aos 196 países membros que atuam contra o crime organizado internacional. Ele também administra o orçamento da corporação e propõe programas de atividades para o próximo ano.

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, e outras autoridades brasileiras estavam presentes na assembleia. Além de Lewandowski, compareceram o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues. A Assembleia Geral reúne dirigentes de 196 países membros.

Na quarta-feira (6), haverá uma cerimônia de posse para Urquiza. Ele continua como delegado da Polícia Federal, mas passará a se dedicar com exclusividade às atividades como secretário-geral da Interpol.

O encontro termina no dia 7 de novembro com a eleição das sedes para as próximas assembleias, que ocorrerão em 2026, 2027 e 2029. Segundo a Polícia Federal, as reuniões tem como objetivo a cooperação internacional e combate ao crime organizado.

Processo que selecionou novo secretário-geral começou em julho de 2023. Uma convocação de candidatos foi enviada a todos os países membros da corporação. Em 2024, um Comitê Executivo analisou todas as inscrições durante e elaborou uma lista de candidatos. Além dele, mais três candidatos foram selecionados.

A votação na Assembleia Geral foi a etapa final do processo de seleção que foi realizado de acordo com as regras da corporação.

Brasileiro representa 'integração' à segurança pública

"É um grande orgulho ter um brasileiro na chefia da Interpol", disse o ministro, em entrevista à GloboNews. "É uma organização importantíssima que congrega 196 países, mais países do que a própria ONU. O Valdecy, além de ser um dos nossos melhores policiais, tem uma experiência internacional muito grande. Ele será o primeiro brasileiro e o mais jovem dirigente na história da Interpol."

"É um momento histórico para o nosso país e para o sul global", destacou o diretor-geral da PF. "É o cargo mais elevado da maior associação de polícias do mundo, a Interpol", completou Rodrigues, à GloboNews, citando que é a primeira vez em 100 anos que essa liderança será ocupada por um brasileiro. "Obviamente ele terá nosso apoio. Essa conquista é fruto de grande dedicação e da retomada da PF e do nosso país no cenário internacional."

Secretário nacional de Segurança Pública, Mário Sarrubbo, disse que a escolha de Urquiza mostra a importância do trabalho da PF brasileira. "Para o Brasil e a América Latina é um momento muito significativo, precisamos estar cada vez mais conectados. Urquiza vai levar a experiência brasileira e produzir informações de muita importância."

A eleição de Urquiza para o órgão conecta a realidade brasileira à de países europeus. "Demonstra o respeito das nossas forças policiais no contexto mundial", afirma o secretário. A escolha do delegado, diz Sarrubbo, "facilita as relações para o sistema de segurança pública do Brasil como um todo."

"Ele vem de um país onde o crime organizado é muito efetivo", diz Sarrubbo. Na avaliação do secretário, ter um brasileiro na Interpol é "um passo importante para entender o contexto da criminalidade no mundo". A escolha de Urquiza, acredita o secretário, fomenta a integração dos órgãos de segurança pública.

Quem é o delegado da PF

A eleição de Urquiza reflete a prioridade atribuída pelo governo brasileiro ao combate ao crime organizado transnacional, segundo a Polícia Federal. O mandato dura cinco anos e é válido a partir de 2025. "Trata-se da primeira vez, em cem anos de história da Interpol, que a organização será comandada por nacional de um país em desenvolvimento", informou em nota a Polícia Federal.

Urquiza é maranhense e atua na Polícia Federal há quase 20 anos.Ele é formado em direito pela Universidade de Fortaleza (UNIFOR), tem especialização em Energia, Meio Ambiente e Recursos Naturais pela PUC-SP, e passagens acadêmicas pela Agência Japonesa de Cooperação Internacional (Jica), em Tóquio, e pela Universidade de Virgínia, nos Estados Unidos, onde estudou Justiça criminal e ciência política.

Ele começou a carreira como analista na Caixa Econômica Federal em 2000. Em 2007, passou a atuar junto a Polícia Federal como Encarregado de Polícia e em sete anos se tornou Líder de Assuntos Internacionais da corporação.

A atuação dele na Interpol começou em 2015. Ele assumiu o cargo de Líder da Central Nacional da corporação no Brasil e, em 2021, se tornou o Vice-Presidente para as Américas — mesmo ano em que voltou a atuar, ao mesmo tempo, na Polícia Federal como Líder de Cooperação Legal Internacional.

Fundada em 1923, a Interpol está sediada em Lyon, na França. É uma organização intergovernamental que conta com 196 países-membros, coordenando as redes de policiais e especialistas em diferentes categorias de crimes.

Uma das principais ferramentas à disposição da Interpol para combater o crime internacional é a emissão de alertas. Os avisos servem para comunicar informações sobre crimes e criminosos. O mais poderoso é o chamado alerta vermelho, que é o mais perto que existe de uma ordem de busca internacional.

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