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Em meio à discussão sobre cortes, Lula repete que 'educação não é gasto'

Lula participa da abertura de feira de ciências em Brasília Imagem: Reprodução/YouTube/CanalGov

Do UOL, em Brasília

05/11/2024 21h25

O presidente Lula (PT) voltou a falar que orçamento para educação "não é gasto, é investimento", em meio à pressão do mercado para que o governo enxugue as despesas.

O que aconteceu?

Apesar de ser uma das frases mais repetidas por Lula, ela ganha novos contornos pelo momento atual. O presidente passou a tarde de segunda (4) reunido com a cúpula de ministros, incluindo Camilo Santana (Educação), para debater possíveis cortes no orçamento para 2026 —assunto que tem dominado o governo e o mercado e impactado no valor do dólar.

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Desde a minha primeira reunião como presidente do Brasil, em 2003, eu disse: 'Nesse governo, vai ser proibido utilizar a palavra gasto quando a gente falar em educação'. Educação é investimento e o investimento de mais retorno que um país pode ter.
Lula, sobre orçamento para educação

O anúncio sobre os cortes é esperado ainda para esta semana. A Casa Civil e a Fazenda voltaram a se reunir com outros ministérios nesta tarde e um número está sendo fechado para que Lula bata o martelo.

O presidente voltou a apontar para a direção contrária ao que pede o mercado. "Se não tem dinheiro hoje, a gente vai arrumar para a gente fazer desse país um país grande, um país independente, um país soberano", disse, ao prometer a construção de faculdades de física ou ciências desde que governadores ou prefeitos doassem o terreno, a exemplo do que Eduardo Paes (PSD) fez no Rio de Janeiro para a construção de um centro para curso superior de matemática.

Apesar das falas, é esperado que o Ministério da Educação também sofra cortes. O número total e o detalhamento das medidas devem ser apresentados ainda nesta semana, mas interlocutores do governo confirmam que deve haver represamento nas pastas mais robustas —e que mais desagradam a Lula ter de reduzir—, como educação, saúde e as ligadas à infraestrutura.

Sob pressão do mercado

O setor financeiro cobra para que o governo apresente mais cortes para 2026. Em julho, também sob pressão do mercado, a equipe econômica anunciou o congelamento de R$ 15 bilhões em gastos para este ano e mais R$ 25,9 bilhões para 2025.

A Bolsa de Valores brasileira subiu e o dólar comercial caiu enquanto os investidores esperavam novidades nesta segunda (4). O Ibovespa, principal índice acionário do país, terminou o dia em alta de 1,73%, aos 130.338 pontos, e a moeda americana caiu 1,48%, vendida a R$ 5,78.

Esse clima tem se repetido nos últimos dias. Para tentar impedir novas altas da moeda americana e especulações com o real, como as vistas na semana passada, Haddad cancelou uma viagem à Europa a pedido de Lula para adiantar o anúncio sobre o Orçamento.

Ainda falta negociar com o Congresso. A proposta de corte de gastos deverá ser apresentada pelo Executivo em forma de PEC (Proposta de Emenda à Constituição), o que ainda cobra ao governo articulação para aprovação nas duas casas com o mínimo de perda possível. Haddad já começou as conversas.

Lula resiste

Lula vem resistindo a anunciar o tamanho dos cortes. Enviando sinais de que não gosta de se submeter a pressões externas, o presidente gosta de repetir que alguns tipos de despesas, como os programas sociais, não são gasto, são investimento. Também flerta com o não cumprimento da meta fiscal, proposta pela própria equipe.

Uma nova rodada de cortes volta a tencionar o governo internamente. Como Lula, a maioria dos ministros tem pedido mais orçamento e verbas para suas respectivas pastas, não menos.

Decidir aonde vai cortar é a decisão que Lula não quer tomar. Da última vez, para acalmar os ânimos, a equipe econômica tirou "um pouco de cada". Agora, no entanto, alguns titulares das pastas já fazem saber que, mesmo que o corte seja geral e feito de forma justa, eles não têm mais onde espremer.

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