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Neto de presidente da ditadura é indiciado pela PF por tentativa de golpe

Paulo Renato de Oliveira Figueiredo Filho é investigado pela PF por tentativa de golpe Imagem: Agência Brasil

Do UOL, em São Paulo e em Brasília

21/11/2024 16h55Atualizada em 21/11/2024 16h58

Paulo Renato de Oliveira Figueiredo Filho, neto do ditador João Figueiredo, foi indiciado pela Polícia Federal por suspeita dos crimes de abolição violenta do Estado democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa.

Quem é Figueiredo Filho?

Economista e blogueiro fazia parte do quadro da Jovem Pan. Figueiredo diz estar sob "censura" do governo brasileiro e vive nos Estados Unidos, de onde mantém um blog em que comenta o cenário político brasileiro e americano. Ele foi demitido da Jovem Pan em 2023, com Rodrigo Constantino e Zoe Martinez.

Neto do ditador João Figueiredo. Esse foi o último mandatário da ditadura militar, e ocupou o cargo entre os anos de 1979 e 1985. Seu governo foi marcado pela abertura política, iniciada pelo seu antecessor, Ernesto Geisel. Foi na gestão dele, que era general do Exército, que foi extinto o bipartidarismo e promulgada a Lei da Anistia, que beneficiou perseguidos pelo regime e autoridades acusadas de torturas.

Foi investigado pela PF em fevereiro por "propagação de desinformação golpista e antidemocrática". Um relatório do STF apontou que Figueiredo Filho integrava o núcleo responsável por incitar militares a aderir ao golpe de Estado, junto ao general quatro estrelas Braga Netto e os militares Ailton Gonçalves Moraes Barros, paraquedista do Exército, o coronel do Exército Bernardo Romão Correa Neto, e o ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, Mauro Cesar Cid.

Em 2019, foi preso nos EUA por suspeita de integrar um suposto esquema de pagamento de propinas a dirigentes do BRB. O empresário foi considerado foragido pela Interpol, e terminou atrás das grades por alguns dias.

Figueiredo diz que nunca houve tentativa de golpe e que está sendo perseguido. "Entendo este indiciamento como parte de uma campanha de intimidação conduzida pela GESTAPO de Alexandre de Moraes, que busca silenciar tanto a mim quanto o trabalho que venho realizando para conscientizar a sociedade e as autoridades americanas sobre a escalada ditatorial em curso no Brasil, que segue cada vez mais alinhado com a China", disse em uma postagem no X (antigo Twitter).

Deixo claro: não respondo a intimidações, tampouco recuarei no exercício das minhas liberdades dadas por Deus. Tenho inclusive plena confiança de que os Estados Unidos, sob uma nova administração que valoriza a liberdade, tratarão esses acontecimentos com a gravidade que merecem.
Paulo Figueiredo Filho, em publicação no X

O que aconteceu

O relatório da investigação de 884 páginas foi enviado ao STF (Supremo Tribunal Federal). Com o indiciamento, a PF apontou quais crimes os investigados teriam praticado a partir do conjunto de elementos reunidos ao longo da investigação.

Pela primeira vez, um ex-presidente eleito no período democrático é indiciado como responsável por tramar contra a democracia no país. A reportagem tenta contato com as defesas dos indiciados.

As investigações apontaram que os indiciados se estruturaram por divisão de tarefas. Isso teria permitido a "individualização das condutas e a constatação da existência de grupos", segundo a PF.

Entre os grupos está o de desinformação e ataques ao sistema eleitoral e outro responsável por "incitar militares a aderirem golpe de Estado". Há também o núcleo jurídico, o operacional de apoio às ações golpistas, núcleo de inteligência paralela e núcleo operacional para cumprimento de medidas coercitivas.

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