PF suspeita que Cid vazou delação a Braga Netto e blindou generais
Do UOL, em São Paulo e em Brasília
26/11/2024 16h49
O ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), Mauro Cid, teria vazado o conteúdo da delação premiada ao general Braga Netto (PL), segundo o relatório da PF. A suspeita se baseia em documento encontrado na mesa do assessor do militar.
O que aconteceu
O suposto material foi apreendido pela PF na sede do Partido Liberal. O documento estava na mesa do coronel Peregino, assessor de Braga Netto.
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Segundo a PF, o texto descrevia perguntas e respostas relacionadas ao acordo de delação. "O conteúdo indica se tratar de
respostas dadas por Mauro Cid a questionamentos feitos por alguém, possivelmente do grupo investigado, que aparenta preocupação sobre temas identificados pela Polícia Federal relacionados à tentativa de golpe de Estado", diz trecho do relatório da Polícia Federal.
Uma das perguntas era sobre a minuta golpista classificada como "minuta do 142". A resposta dada, segundo a PF, foi "eles sabem de coisas que não estavam em lugar nenhum (e-mail, celular etc)".
O documento também pergunta sobre a atuação das Forças Especiais nos dias 12 e 24 de dezembro, além do 8/1. O material questiona "o que está saindo na imprensa e que não foi deletado?". Cid teria respondido: "99% é fake. Requentam o que estava na imprensa", diz.
Chama atenção que, ao final, há uma espécie de considerações pessoais, que seriam informações expressas pelo próprio colaborador Mauro Cid. Nesse ponto, é descrito que "Perguntaram muito do Gen. Mario", referindo-se ao general Mario Fernandes, também investigado na trama golpista. Além disso, ressalta que "Não falou nada sobre os Gen. Heleno e BN", tratando-se possivelmente de General Heleno e Braga Netto e ainda enfatiza que teria feito uma defesa de BRAGA NETTO ao afirmar: "GBN não é golpista, estava pensamento democrático de transparência das urnas".
Trecho de relatório da PF
O ministro do STF Alexandre de Moraes tirou sigilo do relatório final da investigação. Ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outras 36 pessoas foram indiciadas por tentativa de golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e organização criminosa.