'Receberia com honras', diz Bolsonaro sobre soldado de Israel investigado
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou neste domingo (5) que, se fosse presidente, receberia "no Planalto, com as devidas honras", o soldado israelense investigado pela Polícia Federal por supostos crimes de guerra cometidos em Gaza. Yuval Vagdani passava férias na Bahia e já deixou o Brasil.
O que aconteceu
Na rede social X (antigo Twitter), Bolsonaro chamou Vagdani de "Soldado do Povo de Deus". Na publicação, ilustrada por uma foto sua ao lado do premiê israelense, Benjamin Netanyahu, ele também critica Lula, dizendo que o presidente "sempre esteve ao lado de ditadores e terroristas do mundo todo".
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Vagdani, 21, é acusado de participar da demolição de casas de palestinos em Gaza, no final de 2024, usando explosivos fora de situações de combate. As casas serviam de abrigo para palestinos deslocados internamente após o início do conflito. A acusação foi feita pela Fundação Hind Rajab (HRF), uma organização internacional, sediada na Bélgica, que defende os direitos de palestinos.
A investigação da PF foi aberta em 30 de dezembro, por determinação da Justiça Federal do Distrito Federal. A Justiça, por sua vez, atendeu pedido de advogados brasileiros contratados pela HRF.
Na ocasião, Vagdani estaria em Morro de São Paulo, no sul da Bahia. Não se sabe a data em que ele deixou o Brasil. Em nota à imprensa, a chancelaria de Israel disse que entrou em contato com o soldado e sua família ao longo do processo na Justiça brasileira. E que "acompanhou" a retirada do soldado do Brasil.
Ação na Justiça brasileira também cita postagens do soldado em redes sociais. De acordo com a organização, Vagdani postou em redes sociais imagens da destruição em Gaza com a frase: "que possamos continuar destruindo e esmagando este lugar imundo sem pausa, até os seus alicerces".
Também neste domingo, um ministro israelense divulgou uma carta condenando a decisão da Justiça brasileira de abrir a investigação. Amichai Chikli, ministro de Assuntos da Diáspora e Combate ao Antissemitismo de Israel, direcionou a carta ao deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), descrito como um "amigo de Israel".
Ministro acusa Lula de apoiar "perseguição" a israelenses. No texto, intitulado "a perseguição de israelenses no Brasil pelo governo Lula", Chikli diz que a decisão da Justiça brasileira foi tomada "com o apoio do presidente Lula" e que é "uma vergonha para o governo brasileiro".
Para a embaixada de Israel no Brasil, a ação não tem fundamento. A HRF "está explorando de forma cínica os sistemas legais para fomentar uma narrativa anti-Israel tanto globalmente quanto no Brasil, apesar de saber plenamente que as alegações carecem de qualquer fundamento legal", afirmou.
A embaixada de Israel disse também que o país "está exercendo seu direito à autodefesa após o massacre brutal cometido pelo Hamas em 7 de outubro" de 2023. "Todas as operações militares em Gaza são conduzidas em total conformidade com o direito internacional", falou.