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Broncas, Bolsonaro de surpresa e barraco na porta: bastidores do julgamento

Do UOL, em Brasília

25/03/2025 17h42Atualizada em 25/03/2025 18h47

O primeiro dia de julgamento no STF sobre a denúncia contra Jair Bolsonaro (PL) e outras sete pessoas por tentativa de golpe de Estado teve broncas da assessoria e da segurança do tribunal, gritaria do lado de fora do plenário e a surpresa da presença do ex-presidente.

Veja os bastidores do julgamento

Segurança sem precedentes. A Primeira Turma do STF montou um esquema reforçado, com varredura logo cedo feita por cães, mas teve momentos de tensão da segurança, mobilizando dezenas de agentes armados na entrada e dentro do plenário.

Vetos a vaias e palmas. Antes de começar a sessão, com a chegada de Bolsonaro ao local, servidores alertaram duas vezes no microfone que não seria permitida nenhuma manifestação, de aplauso ou vaias, durante o julgamento e que era proibido gravar ou tirar fotos do julgamento. Ex-presidente se sentou na primeira fileira, onde estavam os advogados e ficou ao lado da fileira dos familiares de vítimas da ditadura, como Hildegard Angel e Ivo Herzog.

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Barrados na porta. Deputados bolsonaristas chegaram sem avisar, depois que a sessão já havia começado, e ficaram cerca de 20 minutos do lado de fora do plenário, barrados por seguranças. Eles ouviram a sugestão de assistirem na Segunda Turma, onde havia um telão, mas insistiram em entrar. O presidente da Turma, Cristiano Zanin, acabou liberando a entrada deles.

Bolsonaro também foi sem avisar. A vinda do ex-presidente não estava prevista, mas, como é denunciado, ele tem direito de acompanhar o julgamento mesmo sem ter se credenciado.

Advogado detido. Um advogado que não havia se credenciado para participar tentou entrar e foi detido. Sebastião Coelho, que atua na defesa de Filipe Martins, denunciado que não está em julgamento hoje, chegou a subir até o andar do plenário da Turma, mas foi barrado. Aos gritos, ele reclamou aos gritos de suposto arbítrio do tribunal. Ele foi retirado do local e posteriormente detido por desacato.

Alarme fora de hora. O celular de um jornalista apitou no momento em que o advogado de Braga Netto, José Luis de Oliveira Lima, apresentava sua defesa no púlpito. Ele chegou a interromper a fala até o barulho parar. Na sequência, assessoria do tribunal cobrou dos presentes para manterem os aparelhos no modo silencioso.

Na parte da tarde, o julgamento transcorreu sem interrupções. Parlamentares bolsonaristas que entraram de manhã não voltaram à tarde. Bolsonaro foi um dos primeiros a chegar depois do almoço e o único dos denunciados que acompanhou durante todo o dia o julgamento.

Fabio Wajngarten, seu assessor, chegou a buscar um copo de água para o ex-presidente e conseguiu levar ao plenário, mesmo sendo proibido para quem fica na plateia, mas Bolsonaro recusou beber.

Sem fardados. A denúncia inclui quatro militares da mais alta patente das Forças Armadas: os generais Braga Netto (ex-ministro da Casa Civil), Augusto Heleno (GSI) e Paulo Sérgio Nogueira (ex-ministro da Defesa e ex-comandante do Exército) e o almirante Almir Garnier (ex-comandante da Marinha), mas só Bolsonaro compareceu.

Advogado de delator sentou ao lado de Bolsonaro. Cézar Bittencourt, que defende Mauro Cid e foi responsável pelo acordo de delação premiada que embasa boa parte da denúncia, ficou ao lado de Bolsonaro na parte da manhã. Os dois estavam na mesma fileira, separados apenas pelo advogado Paulo Amado, que representa o ex-presidente.

Agilidade e cronograma respeitado. Os ministros e advogados seguiram o plano de trabalho proposto. O próprio Alexandre de Moraes, relator do processo, resumiu pontos de sua argumentação para economizar tempo. A sessão recomeça amanhã, às 9h30, com análise do mérito, o que pode tornar Bolsonaro e seus aliados réus no STF.


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