Andar pelas ruas do Mutange, em Maceió, é caminhar entre ruínas do que um dia foi um lugar tradicional de moradia. O bairro foi inteiramente desocupado e —junto com outros três bairros da capital alagoana que passam por processo semelhante— forma uma "cidade fantasma" de uma região que engloba 25 mil moradores.
A maioria dos moradores já foi retirada. Outros estão com mudança agendada.
O drama começou em março de 2018, quando um tremor de terra, somado às intensas chuvas naquele verão, causaram rachaduras em prédios no bairro do Pinheiro. A partir dali teve início uma série de estudos que apontaram que a mineração estava fazendo o solo afundar.
O Serviço Geológico Brasileiro, após mais de um ano de estudos, apontou que o problema foi causado por quatro décadas de atividade de mineração feito pela Braskem, que operou 35 poços para retirar sal-gema do subsolo.
Os estudos mostraram que, em menos de dois anos, houve rebaixamentos superiores a 40 centímetros do solo, o que fez com que casas e ruas "quebrassem". O problema está nas minas subterrâneas, que apresentam subsidência.
Diante do cenário, a retirada dos moradores teve de ser imediata por conta do risco de danos ainda maiores e afundamento do solo.
Foram abandonados prédios, casas, lojas, igrejas, um hospital psiquiátrico, o centro de treinamento do CSA... O VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) que ligava Rio Largo ao centro de Maceió também foi paralisado, deixando milhares de trabalhadores na mão. Ruas estão interditadas, e o trânsito da cidade foi comprometido.