Em uma antiga padaria desativada em uma ladeira do Jardim Silvina, periferia de São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, fica a Casa Neon Cunha, uma ONG que seus fundadores definem como "centro de cidadania para pessoas LGBTQI+". Lá, estão concentradas as doações que recebem desde o início da pandemia de covid-19.
"A fome é emergencial. Mas a gente também tem esse lugar de afeto, de autoestima. Muita gente chega aqui humilhada, é importante ter esse lugar de carinho", diz Symmy Larrat, 42, presidente da ABGLT (Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis, Transexuais, Intersexos (ABGLT) e diretora da Casa Neon Cunha.
Os planos da ONG passaram por mudanças no último ano. "A gente tinha começado a fazer a captação para conseguir ter o nosso espaço físico, mas aí veio a pandemia e todo o recurso que a gente passou a conseguir, ia para comprar as cestas básicas e o kit de higiene."
Os critérios de auxílio são, em ordem de prioridade:
- transgeneridade,
- raça,
- pessoas integrantes da população LGBTQIA+ não contempladas nos dois critérios anteriores, e
- familiares e amigos das pessoas LGBTQIA+.
Ao lado de Paulo Araújo, 31, coordenador geral da ONG, Symmy diz que eles passaram a cadastrar os beneficiados e fazer um acompanhamento. Em 2020, foram mais de 2.700 cestas doadas, entre alimentos e produtos de higiene e limpeza, com apoio, de perto, de 200 pessoas em situação de extrema vulnerabilidade.