Os prefeitos das duas maiores cidades do país têm exatamente um ano para convencer o eleitorado de São Paulo e Rio de Janeiro de que merecem ser reeleitos em 4 de outubro de 2020.
Mas, para isso, Bruno Covas (PSDB) e Marcelo Crivella (Republicanos) terão de virar o jogo: hoje, as chances dos dois são vistas com desconfiança até mesmo por aliados políticos.
Na capital paulista, ainda que com o sobrenome de peso, o nome do atual prefeito era conhecido por apenas três de cada dez moradores da cidade quando ele assumiu o cargo, em abril do ano passado.
De lá para cá, o cenário mudou pouco. Aos 38 anos, Bruno Covas --neto do governador Mário Covas, morto em 2001-- convive com críticas ao seu perfil discreto como prefeito e se vê obrigado a disputar o apoio de seu principal cabo eleitoral --o governador João Doria (PSDB), de quem herdou o mandato-- com pelo menos outros três possíveis candidatos no ano que vem.
No Rio, o desafio do prefeito Marcelo Crivella é superar a rejeição junto ao eleitorado. Pesquisa realizada no ano passado pelo Datafolha apontou que 58% dos moradores da cidade reprovavam a gestão municipal.
Nos últimos meses, a atuação do prefeito também sinalizou uma aposta arriscada de Crivella em busca de apoio. Ele colocou suas fichas no apelo a valores conservadores, com iniciativas como o envio de fiscais à Bienal do Livro para recolher obras com conteúdo que considerou inadequado para menores, e no corte das verbas da Prefeitura para o Carnaval, com o argumento de que o tradicional desfile das escolas de samba não deve ser financiado por dinheiro público.
Tanto Covas como Crivella têm ainda que lidar com a influência negativa da difícil situação econômica do país na população. "A questão econômica afeta muito o humor dos eleitores e a avaliação dos governantes", opina o cientista político Jairo Pimentel, da FGV (Fundação Getúlio Vargas). "A baixa avaliação de boa parte dos prefeitos hoje no Brasil é por conta dessas questões extramunicipais. Eles estão nadando contra a maré."