"Quando precisamos de internet mais rápida, temos de ir a Murici, onde vou à casa da minha irmã. Eu mesmo, para aulas [remotas] do curso na Ufal, assisto lá --e algumas vezes levo Pedro Victor para estudar também", conta ele, que usa o carro emprestado para ajudar nos deslocamentos.
A avó Nailda Maria da Silva, 73, diz que a instalação da internet foi a realização de um sonho, mas pesa no orçamento familiar.
"Um valor desses é caro, meu filho. A nossa aposentadoria, quando a gente paga tudo, só sobra R$ 400, R$ 500 para o resto todo. E está tudo muito caro."
Ela e o marido, Pedro Leopoldino dos Santos, 79, são aposentados rurais e têm um terreno de 9,5 hectares em Murici, conquistado pela reforma agrária com a CPT (Comissão Pastoral da Terra).
Passaram a vida cortando cana-de-açúcar ou limpando mato na extinta usina Alegria, em União dos Palmares.
"Pedro Victor é um bom menino, me ajuda demais na roça. Ele não me responde, eu é que às vezes gosto de arengar com ele para que ele estude -- coisa que ele não é bem chegado", diz a avó.
"Mas a gente aperta de um lado e do outro, e ele vai chegar lá. Vejo sempre toda dificuldade dele para estudar aqui. Mas, graças a Deus, já terminou o ensino médio."
"A gente, quando trabalha no campo, não ganha na vida, não. É um trabalho pesado, deixa a pessoa 'morta'. Veja como estou hoje: tomando dois remédios para o coração, colesterol e pressão alta. Digo a ele sempre: 'A enxada não dá nada; só a caneta dá'."