No Centro Cultural Wakenai Anumarehit, em Manaus, o telhado e as paredes de madeira pintadas com grafismos vedam a luz, mas deixam passar o clima intenso.
Sem ventilador na sala, o calor desconcentra. Mas é um problema menor a ser enfrentado todos os sábados por indígenas em busca de uma vaga na universidade. Para se preparar, assistem a aulas com voluntários para o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), principal porta de entrada para o ensino superior no Brasil.
O cursinho surgiu após estudantes deixarem em branco a redação da edição de 2019, quando a prova pediu para discursar sobre o tema "Democratização do acesso ao cinema no Brasil". Os indígenas não sabiam o que era nem nunca tinham entrado numa sala de projeção de filmes.
Aos 17 anos, Vivian Baré é uma das frequentadoras desse espaço. Deseja cursar artes na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), no interior de São Paulo.
O nome do centro inspira a estudante. Na língua aruak, que faz parte do tronco linguístico do povo baré, Wakenai significa "origem" e Anumarehit quer dizer "guerreiro". Para alcançar seu sonho, é preciso lutar.