A pandemia, o fechamento das escolas e as aulas remotas agravaram um cenário no Brasil que já era extremamente desigual na educação.
Com dificuldade no acesso à internet para assistir às aulas e a necessidade de trabalhar para ajudar a pagar as contas em casa, milhões de jovens se afastaram dos estudos e se distanciaram de alcançar o ensino superior.
Os reflexos já podem ser sentidos no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), principal porta de acesso a universidades --não só entre as públicas.
O UOL conta nesta reportagem especial o desafio de estudar para um exame quando o aluno já se vê em pé de desigualdade. Em cinco cidades pelo Brasil, estudantes falam sobre a expectativa para a prova e como se preparam.
Em São Paulo, Nova Iguaçu (RJ), Murici (AL), Manaus e São José (SC), o abismo social e educacional se agiganta, sem, contudo, fazê-los desistir. Para eles, o Enem ainda é parte de um sonho de continuar a crescer e de ter uma ascensão social.
A edição de 2021 registrou o menor número de inscritos, além da menor taxa de participantes negros e vindos de escolas públicas dos últimos anos.
Por outro lado, houve aumento no número de pagantes e de brancos. Antes mesmo de ser realizado, é considerado o Enem mais excludente e desafiador para estudantes pobres e vulneráveis.
Para Anna Helena Altenfelder, presidente do Conselho de Administração do Cenpec, os dados de 2021 "compõem o cenário da exclusão escolar" no Brasil, amplificado pelos desafios da pandemia do novo coronavírus, e são a ponta do iceberg dos problemas educacionais no país.
O Cenpec é uma organização da sociedade civil que visa reduzir desigualdades no acesso à educação.