Filho de pai boliviano e mãe brasileira, Camacho, à época (1986, quando foi preso pela primeira vez) conhecido como Ladrão de Oxigênio --por causa do protuberante nariz-- nasceu em Osasco, na Grande SP, mas foi criado ao lado do irmão mais novo na região central de São Paulo.
Entre 1986 e 2000, ainda no começo da carreira, Camacho conseguiu fugir três vezes da cadeia. Foi recapturado em todas elas. A última vez que conseguiu fugir foi em 5 de junho de 1999. Foi recapturado um mês depois, em 19 de julho daquele ano.
Nesse período, precisamente em 31 de agosto de 1993, o PCC (Primeiro Comando da Capital) foi criado, na penitenciária de Taubaté (a 148 km de SP). Ele estava no local, mas não figurou entre os fundadores.
Com status de grande assaltante de bancos com gostos por carros, relógios e roupas caras, "Ladrão de Oxigênio" passou a ser chamado de "Playboy". Anos depois, em 2000, ele foi relacionado ao PCC pela Polícia Civil de São Paulo, e passou a ser conhecido como Marcola.
Em 2001, Marcola foi acusado de ser um dos líderes de uma grande rebelião em todo o sistema prisional de São Paulo, que ocorreu após sua transferência de presídio. Desde então, passou a ser apontado pelo MP (Ministério Público) como um dos líderes do PCC. Um ano depois, foi apontado como o principal chefe da facção.
"Quem investigava a facção no seu surgimento era o delegado Ruy Ferraz Fontes", afirma a desembargadora Ivana David, do TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo). "Eu era juíza corregedora. Então, todas as escutas telefônicas, interceptações e prisões temporárias eram decretadas por nós", afirma. Ferraz, atual diretor-geral da Polícia Civil, aceitou num primeiro momento falar sobre o assunto ao UOL. Mas após contato com a SSP (Secretaria da Segurança Pública), desistiu.
Marcola x Cesinha e Geleião
Em 2002, a facção enfrentou seu grande cisma que levaria Marcola sozinho ao topo do PCC. No ano anterior, quando aconteceu uma grande rebelião prisional em São Paulo, ele começou um confronto sobre rumos do PCC com os chefes da organização, Cesinha e Geleião, dois dos oito fundadores do PCC em 1993.
Radicais, Cesinha e Geleião queriam promover uma série de atentados contra autoridades e prédios públicos, como colocar uma bomba na sede da Bolsa de Valores de São Paulo. Marcola era contra e queria tomar a posição de líder. Para tanto, ele passou a colaborar com a polícia, de acordo com o procurador de Justiça Márcio Sérgio Christino, fornecendo os números de telefone usados pelos oponentes e as centrais telefônicas da facção. O criminoso nega.
O conflito se acentuou com o assassinato de sua mulher, a advogada Ana Maria Olivatto, em 2002. Marcola tomou o poder e Cesinha e Geleião foram expulsos. Em 14 agosto de 2006, Cesinha foi morto na prisão. Isolado, Geleião cumpre pena no interior de São Paulo. Um novo questionamento sobre a liderança de Marcola dentro do PCC somente surgiria em 2018.