Casais que se dão as mãos enquanto ninguém vê. Selfies nas redes sociais sem o véu islâmico. Relatos de 'pool parties' com jovens de biquíni. Mas plantações de uva tinta sem vinho.
Apesar —e também por conta— das restrições impostas pela xaria, a lei islâmica que rege o Irã, a sociedade iraniana se revela conservadora em ambientes públicos, mas extremamente acolhedora e até sutilmente transgressora em contextos privados.
Em nossa viagem realizada antes do acirramento recente da tensão com os Estados Unidos—, testemunhamos um país com etiqueta social complexa, mas muito diferente da imagem de opressão e tensão que se imagina no Ocidente.
Se por um lado é certo que o regime dos aiatolás acumula acusações de violação de direitos humanos, também descobrimos que, para o turista, o Irã é lar de um povo acolhedor, orgulhoso de sua história e de suas tradições e ao mesmo tempo curioso em relação aos estrangeiros e ao Brasil.
Planejando a viagem, lemos muito sobre o país, e todos os guias de turismo elogiavam a hospitalidade iraniana, com muitos viajantes experientes descrevendo o Irã como o país mais hospitaleiro do mundo.
Mas mesmo com tanta expectativa, fomos surpreendidos. No início da viagem, sentimos receio de que tanta gentileza viria acompanhada de uma tentativa de venda ou de um pedido de favor. Mas essa desconfiança se mostrou tacanha de nossa parte. Ao longo de mais de uma semana, a hospitalidade iraniana se mostrou sincera e natural, sem afetação ou falsidade.