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Como é a dieta da mulher mais velha do mundo, que acaba de completar 117 anos

Alessandro Garofalo/ Reuters
Imagem: Alessandro Garofalo/ Reuters

30/11/2016 20h43

Quando Emma Morano nasceu, Umberto 1º ainda reinava na Itália. A Fiat tinha acabado de ser fundada e o time do Milan não seria criado até semanas depois.

Nesta terça, essa despretensiosa mulher comemorou 117 anos olhando para uma vida que não apenas se estende por três séculos diferentes, mas também sobreviveu a um casamento abusivo que começou com chantagem, à perda do único filho e uma dieta que poucos descreveriam como equilibrada.

Emma, a mais velha de oito irmãos, nenhum deles vivos hoje, nasceu em 29 de novembro de 1899 na região de Piemonte, na Itália.

Ela se tornou oficialmente a mulher mais velha do mundo neste ano, após a morte da americana Susannah Mushatt Jones, em maio. Ela é uma das três pessoas vivas nascidas no século 19 - pelo menos segundo os registros oficiais.

Ovos crus e biscoitos

A longevidade de Emma, segundo ela, se deve em parte à genética - sua mãe viveu até os 91 anos e várias de suas irmãs chegaram ao centenário - e, em outra, a uma dieta incomum que inclui ingerir três ovos (dois crus) todos os dias por mais de 90 anos.

É um hábito que ela adotou ainda jovem, depois que uma médica a diagnosticou com anemia pouco depois da Primeira Guerra Mundial.

Nos dias atuais, ela diminuiu o hábito para apenas dois ovos por dia.

Isso vai contra todos os conselhos sobre vida saudável, afirma Carlo Bava, seu médico há 27 anos.

À agência AFP, ele disse que Emma sempre comeu poucos vegetais, muito poucas frutas.

"Quando eu a conheci, ela comia três ovos por dia, dois crus pela manhã e uma omelete na hora do almoço, além de frango na hora do jantar."

Apesar disso, ele conta, Emma parece ser "eterna".

'Case comigo ou eu te mato'

Outro fator ao qual ela atribui sua longevidade: mandar seu marido embora em 1938, ano em que seu filho único morreu, aos apenas seis meses de idade.

O casamento nunca tinha sido saudável, diz Emma.

Ela tinha sido apaixonada por um rapaz morto durante a Primeira Guerra e não tinha interesse em se casar com mais ninguém.

Mas não teve muita escolha, conforme contou em entrevista ao jornal La Stampa, concedida quando tinha 112 anos.

"Ele me disse: 'Se tiver sorte, você se casa comigo, ou eu te mato'. Eu tinha 26 anos. E me casei."

Apesar de ela ter colocado o marido para fora de casa, eles continuaram casados até a morte dele, em 1978. Ema, que trabalhou até os 75 anos, não quis se casar novamente.

"Eu não queria ser dominada por ninguém", ela disse ao jornal americano The New York Times.

Sua determinação inspirou uma performance musical muito especial, que contou sua história em prosa e dança. O espetáculo foi encenado na cidade de Verbania, no norte da Itália, sua casa durante maior parte da vida.

A peça, dizem os escritores, "representa a coragem feminina, que se rebelou contra a violência doméstica".

Emma não deixa seu apartamento há 20 anos, mas foi cercada de pessoas que vieram lhe desejar parabéns no dia do seu aniversário.

Entre eles está seu médico, que começa a se sentir pressionado, algo como "o zelador da Torre de Pisa".

"No dia em que a torre tombar, alguém vai ser responsabilizado", disse ele à AFP. "Quando Emma morrer, as pessoas vão me responsabilizar."