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OMS faz nova recomendação para tratar crianças africanas com malária

21/04/2011 13h27

Genebra, 21 abr (EFE).- A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou nesta quinta-feira que a maioria dos países africanos levará entre seis meses e um ano para aplicar sua nova recomendação de usar artesunato - em vez de quinina - como remédio para crianças que têm a forma mais grave da malária.

De acordo com o programa contra a malária da OMS, em meados de 2012 a maior parte da África poderá utilizar o artesunato, que demonstrou ser muito mais eficaz e mais fácil de administrar do que a quinina.

Segundo as últimas estimativas, a cada ano há cerca de 225 milhões de casos de malária no mundo, a maioria sem complicações, mas 5% dos doentes contraem a forma mais grave da doença, que costuma ser mortal se não for tratada imediatamente após a aparição dos sintomas.

Além disso, a malária comum pode se transformar em grave, particularmente entre pessoas que não estiveram expostas à doença anteriormente e não desenvolveram nenhuma imunidade ao parasita, o que torna as crianças mais vulneráveis.

Em 2006, a OMS recomendou formalmente aos países que utilizassem o artesunato em adultos com malária do tipo grave e, após a divulgação dos resultados de várias pesquisas científicas, esta semana decidiu ampliar esta recomendação às crianças, já que os menores de cinco anos representam 85% dos casos de malária no mundo.

De acordo com a OMS, o tratamento com quinina - utilizada durante séculos entre as pessoas que contraíam malária - é complicado porque a substância deve ser inoculada por soro durante quatro horas, em doses calculadas em função do peso do paciente.

O procedimento deve ser repetido a cada oito horas até que o paciente recupere a consciência e possa administrar o tratamento por via oral.

Além disso, a quinina tem efeitos colaterais como a hipoglicemia, que é particularmente perigosa em mulheres grávidas.

Já o artesunato não tem efeitos colaterais e é injetado duas vezes ao dia em doses padronizadas até o desaparecimento dos sintomas.

No entanto, com a nova recomendação de administrá-lo também a crianças, os laboratórios deverão elaborar doses pediátricas.

Por enquanto, só um laboratório chinês produz o artesunato, mas, segundo a OMS, com a nova recomendação, mais laboratórios terão interesse em produzi-lo.

A nova recomendação da OMS se dirige, sobretudo, à África, continente que concentra 80% dos casos de malária e onde os casos da doença em crianças superam amplamente os em adultos, o que não ocorre na Ásia e na América Latina.

Isto se explica porque a população africana fica altamente exposta à malária desde cedo e, depois dos cinco anos, o organismo desenvolve uma resposta imunitária ao parasita, o que não ocorre nas outras regiões.